O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta terça-feira (12) que os “reajustes frenéticos” de preços dos combustíveis por parte da Petrobras são “imprudentes”. Segundo o ministro, é necessário suavizar a variação dos preços que acompanham os preços internacionais.
"Quando você olha hoje o preço, está o mesmo preço que estava meses atrás, não obstante houve reajustes frenéticos. Não gosto dos dois extremos, os reajustes frenéticos são imprudentes, você precisa suavizar as curvas de variação de preços, por outro lado sentar em cima para fazer populismo também não dá certo", disse.
Guedes participou de audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal. O ministro respondeu a uma fala do senador Rogério Carvalho (PT-SE), que criticou a política de paridade de preços internacionais dos combustíveis, usada pela Petrobras reajustar os valores da gasolina e no diesel. Segundo Carvalho, essa medida “indexou” a inflação brasileira às flutuações internacionais dos preços de combustíveis e do dólar.
Na visão do ministro, o “voluntarismo” do controle de preços “quebrou” a Petrobras no passado, bloqueando a capacidade de investimento da empresa. Segundo ele, quem entrou depois foi para “o outro extremo” para satisfazer os acionistas.
"Quem entrou depois foi para um outro extremo para satisfazer os acionistas, para recompor a situação financeira, para recuperar a capacidade de investimento da empresa, colocou os reajustes a cada semana, semanais, foi para outro extremo, para nós vermos como é perverso esse outro extremo também", disse.
Segundo ele, essa política foi muito boa para reduzir o endividamento e reduzir a vulnerabilidade financeira da empresa, mas os reajustes poderiam ser mais espaçados.
"Reduziu a vulnerabilidade financeira da empresa com essa atualização de preços, garantindo a rentabilidade extraordinária de um monopólio verticalizado para acionistas privados, mas com o governo também estava lá, deixou acontecer esse outro caso. Outro limite extremo de ajustar a cada 15 dias, a cada 7 dias. Para nós observarmos como é precipitada essa política, hoje o petróleo tá em US$ 103, era o preço do final de fevereiro", disse.
Se afastando dos “extremos” de “sentar em cima dos preços” e dos reajustes muito frequentes, Guedes disse, sem nomear, que dois candidatos a presidente disseram que vão voltar a praticar “preços abrasileirados” e que isso pode levar a quebra da Petrobras.
"Aliás dois candidatos já disseram que vão voltar a praticar preços abrasileirados, ou seja, vão vender a preços mais baratos se tiver crise do petróleo e vai acontecer o que aconteceu antes, vão quebrar de novo a Petrobras se fizerem isso, por outro lado, corrigir preço todo dia é uma alucinação também", disse.
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Segundo Guedes, a melhor solução seria a privatização com a distribuição dos recursos para os “mais frágeis brasileiros”.
"O fundo de erradicação da pobreza, vamos devolver ao povo o que é do povo. Em vez de aparelhar e quebrar a empresa, ou do outro extremo, da empresa explorar a população com o monopólio verticalizado, nem uma coisa nem outra, privatiza e devolve os recursos ao povo", apontou.
Guedes também foi questionado se quem manda na Petrobras são os acionistas minoritários ou o governo. Ele disse que preferia resolver essa questão com a privatização da empresa, mas que atualmente é a governança da estatal que manda.
"Hoje eu acho que quem manda na Petrobras é a governança típica de empresa listada em bolsa. A minha resposta é quem manda não é nem o acionista minoritário nem o governo, quem manda é o conselho. O conselho e o CEO da empresa de acordo com as melhores práticas de uma empresa listada em bolsa. Agora, me incomoda que ela seja ainda metade estatal, que podem quebrá-la a qualquer momento", disse.
Impossível interferir
Após a participação de Guedes, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, também fez uma apresentação aos senadores. Sachsida reafirmou que é impossível alterar o mecanismo de preços da Petrobras.
"Eu sei que muitas pessoas cobram do governo uma interferência mais forte no mecanismo de preço da Petrobras, mas isso não é possível. O ordenamento jurídico hoje é muito claro, tanto a lei do petróleo quanto na lei das estatais, eles deixam claro que o governo não pode interferir nesse mecanismo de preço", disse.
Na mesma oportunidade, o ministro disse que o Brasil tem um bom estoque de diesel para passar por uma possível crise.
"Se acontecer alguma coisa no mundo e não se for possível importar mais petróleo, o Brasil ainda assim tem 50 dias de diesel sem precisar importar petróleo. Ou seja, estamos bem preparados, bem posicionados e monitorando atentamente a evolução do cenário mundial", disse.