Fila no CRAS de Rocha Miranda, na Zona Norte do Rio, para cadastramento e atualização de dados no CadÚnico
Fabiano Rocha/Agência O Globo
Fila no CRAS de Rocha Miranda, na Zona Norte do Rio, para cadastramento e atualização de dados no CadÚnico

A demanda reprimida de famílias que estão na fila à espera da liberação do Auxílio Brasil, segundo dados oficiais do governo, está em 764.798, mas levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), aponta que esse número é muito maior: 2.788.362 em todo país. No Estado do Rio de Janeiro são 282.957 famílias. E esse número pode aumentar mais: o governo federal, via PEC Eleitoral , quer elevar o auxílio de R$ 400 para R$ 600 , o que deve aumentar a procura por inscrição no Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal, que é realizado nos Centros de Referência e Assistência Social (Cras) das prefeituras municipais. Atualmente, 18,1 milhões de brasileiros em situação de vulnerabilidade social recebem o Auxílio Brasil e 5,69 milhões o vale-gás.

"No final de maio existiam 67 mil famílias inscritas no CadÚnico na cidade do Rio que não tinham sido incluídas pelo governo federal no Auxílio Brasil. No fim de junho, esse número pulou para 109 mil famílias", informa a Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio de Janeiro (SMAS). No vale-gás, acrescenta a pasta, a fila tem 501.958 famílias.

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A pasta avalia que o número deve crescer ainda mais com a perspectiva de o valor do Auxílio Brasil subir e o vale-gás chegar a mais famílias.

"Mesmo com a secretaria inscrevendo todas as famílias que aparecem nos Cras, não significa que sejam atendidas imediatamente", diz a pasta carioca.

Paola Carvalho, diretora de Relações Institucionais da Rede Brasileira de Renda Básica, no entanto, faz um questionamento:

"Se o Ministério da Cidadania diz que não tem recursos para incluir mais famílias no programa, inclusive no vale-gás, hoje a fila está em 2,78 milhões de pessoas (segundo a CNM) como vai aumentar o Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600?"

O sociólogo e professor da UFRJ Paulo Baía avalia que o aumento do auxílio vai ferir as leis de Responsabilidade Fiscal e do Teto de Gastos. E adverte:

"Isso é o que chamamos de patrimonialismo e clientelismo, o erário que se dane. A qualidade de vida de toda a população para depois de janeiro de 2023, para eles (governo), não importa", critica.

"É uma pena que algo tão necessário, que corrige uma grave injustiça social, que permite que o pão chegue à mesa do faminto, esteja sendo usado a três meses da eleição, e por um governo que sempre considerou esse tipo de ajuda como ação de um estado babá sustentando quem não trabalha, o que nunca foi verdade", disse Antonio Carlos Costa, presidente do Rio de Paz.

Paola, da Rede Brasileira, chama atenção para a confusão que o anúncio de aumento do Auxílio Brasil está causando nas milhares de pessoas que estão na fila à espera da renda mínima:

"As pessoas estão tentando se cadastrar e não conseguem porque as prefeituras não estão dando conta de tanta procura. Já as que se cadastraram continuam na fila sem saber se vão receber, mesmo dentro dos critérios. O principal questionamento delas é: já que vão aumentar o valor, será que vão liberar para todos que estão na fila?"

Outras regiões

Em Guapimirim, cidade da Região Metropolitana do Rio, 13 mil pessoas estão inscritas em programas sociais do governo. E outras 2,7 mil aguardam para receber o Auxílio Brasil.

"O aumento da procura de pessoas no Cras para inscrição no CadÚnico, mesmo sem número exatos, já pode ser percebido pelos profissionais", informa a prefeitura, em nota.

"A demora do governo federal em ajudar as famílias vulneráveis ocorre em um momento de grave crise econômica e da volta do país ao mapa da fome", lamenta uma fonte da Prefeitura do Rio.

A Secretaria Municipal de Assistência Social e Economia Solidária de Niterói não disse quantas pessoas estão da fila do Auxílio Brasil na cidade. Mas informou que 31 mill famílias do município recebem a Moeda Social Arariboia.

"Desde 2020, com o início da pandemia, é percebido um aumento expressivo de pessoas que procuram os Centros de Referência da Assistência Social (Cras) para realizar a inclusão de dados no CadÚnico, que serve como base tanto para o programa federal, como para o municipal, porém não há gerência do município sobre os programas Auxilio Brasil e vale-gás", informou em nota.

Procurada, a Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos de Duque de Caxias esclarece que "houve um aumento significativo de pessoas para realização de inclusão de dados no CadÚnico", mas não informou a quantidade de pessoas que estão na fila à espera do auxílio.

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