No dia seguinte ao aumento de juros dos Estados Unidos, o mercado financeiro global sente os efeitos negativos da maior alta nos juros desde 1994 na principal economia do planeta. Na Europa, os principais índices fecharam em queda. Em Londres houve recuo de 2,6%, assim como na França (2,3%) e Alemanha (2,7%).
Nesta quinta-feira, o Banco da Inglaterra elevou as taxas de juros em 0,25 ponto percentual, para 1,25% ao ano. Foi o quinto aumento feito pela autoridade monetária do Reino Unido para combater a inflação por lá, que pode ultrapassar 11% em outubro.
Além disso, o Banco Nacional Suíço também elevou as taxas pela primeira vez em 15 anos, desafiando as expectativas de muitos economistas. Assim, por lá, a taxa passou de -0,75% para -0,25% em uma tentativa de conter a inflação.
Já na Ásia, a Autoridade Monetária de Hong Kong (HKMA) aumentou sua taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, para 2%.
Nos EUA, em meio ao clima de incertezas, o mercado abriu em queda também. O S&P 500 recua 2,8%, assim como Dow Jones (-2,5%) e Nasdaq (-3%).
Na quarta-feira, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, disse que é muito cedo para declarar vitória sobre a inflação que atingiu a maior alta em quatro décadas. Com isso, o mercado aumentou as expectativas de juros, que pode chegar a 3,8% neste fim ano, maior que os 2,8% previstos anteriormente. Cinco instituições já previram que seria superior a 4%.
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"Está muito claro que o Fed fará o que for preciso para reduzir a inflação com força e a taxa ficará mais próxima de 4% e talvez até mais alta.O Fed está no caminho para taxas mais altas e, mesmo quando Powell tentou minimizar outro aumento de 0,75 ponto percentual no próximo mês, ele disse que as taxas ainda estão extremamente baixas", disse Peter Yi, diretor de renda fixa de curta duração e chefe de pesquisa de crédito na Northern Trust Asset Management.
Segundo especialistas, o movimento de perda foi acentuado com a divulgação de dados fracos de habitação. Para especialistas, as taxas de juros mais altas estão desacelerando o mercado imobiliário. Em maio, as vendas de imóveis caíram 14,4%, no nível mais baixo desde abril de do ano passado, segundo o Departamento de Comércio dos EUA.
"Estamos preocupados com o crescimento e para onde o Fed vai nos levar. Ontem (quarta-feira) todo mundo disse 'Ah, que bom, o Fed está fazendo algo agressivo, eles vão ficar agressivos, vão tentar acompanhar a curva de inflação.' Mas agora (quinta-feira), você está olhando para isso e dizendo: 'Sim, mas eles estão perseguindo algo que não serão capazes de pegar?", questiona Chris Gaffney, presidente de mercados mundiais do TIAA Bank.