A Justiça de São Paulo decretou nesta quarta-feira (8) a falência da Máquina de Vendas, grupo dono da Ricardo Eletro. A empresa pediu recuperação judicial em agosto de 2020, quando acumulava mais de R$ 4 bilhões em dívidas e anunciou o fechamento das 300 lojas físicas da rede.
A decisão do juiz Leonardo Fernandes dos Santos, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central da Comarca de São Paulo, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), considerou esvaziamento patrimonial da companhia.
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O magistrado manteve a Laspro Consultores como administradora judicial, tendo Oreste Nestor de Souza Laspro como seu representante.
O presidente da Máquina de Vendas, Pedro Bianchi, disse que a Máquina de Vendas foi pega de surpresa e recorreu da decisão nesta quinta-feira (9):
"Nós temos 17 mil credores e nenhum deles pediu a nossa falência. Não houve questionamento da Justiça à empresa. E esse esvaziamento patrimonial que teríamos feito foi a baixa no estoque pelo fechamento das lojas. São recursos que fomos consumindo na operação até a homologação do plano de recuperação judicial. Tudo conforme", conta o executivo, que espera uma decisão da Justiça para esta sexta-feira (10).
O plano de recuperação judicial foi aprovado em setembro de 2021 em assembleia por 75% dos credores, continua Bianchi.
"Mas o juiz até hoje não homologou o plano. Estamos com as contas relativas ao plano todas aprovadas, com a folha de pagamento em dia. E reativando o site, como lançamento da nova marca do nosso e-commerce na terça-feira (14). Foi uma decisão irresponsável", avalia o empresário.
Pela decisão, todos os credores terão seus direitos e garantias restabelecidos às condições originalmente contratadas, deixando de fora valores que tenham sido pagos ao longo do processo de recuperação judicial. Será preciso ainda levantar e avaliar os ativos da companhia para fazer frente à quitação de débitos.
A volta ao varejo físico está nos planos para o ano que vem.
Voltando a vender
O site da Ricardo Eletro já tem um mix de três mil itens à venda, incluindo produtos de marcas como Samsung e Philips, em eletroeletrônicos, e Probel, em colchões.
Bianchi afirma que outros 27 mil itens vão entrar no site nos próximos três meses. A estratégia é crescer atuando com marketplace, perseguindo a meta de chegar ao último trimestre do ano com faturamento de R$ 100 milhões por mês.
Questionado sobre o momento desafiador da economia, com inflação em alta e perda de poder de compra da população, o executivo argumenta que a Ricardo Eletro tem a vantagem de ter, neste momento, um "custo fixo muito baixo", o que permite cobrar taxas maiores dos vendedores de seu marketplace.
Crise e dívida crescente
A Máquina de Vendas nasceu da união entre Insinuante e a Ricardo Eletro, ocorrida em 2010. Nos dois anos seguintes, comprou City Lar, Eletro Shopping e Salfer. A partir de 2016, reuniu todas essas marcas do varejo sob a bandeira Ricardo Eletro. Quando encerrou a operação das lojas físicas, demitiu 3.600 funcionários.
Os problemas na empresa se arrastam há anos. Em 2018, a empresa iniciou um processo de recuperação extrajudicial, então com uma dívida de R$ 2,5 bilhões, quando conseguiu alongar prazos para pagamentos de débitos com bancos e outros credores.
Pouco antes do pedido de proteção à Justiça, em 2020, Ricardo Nunes, fundador da Ricardo Eletro chegou a ser preso sob suspeita de sonegação de impostos em operação realizada pelo Ministério Público de Minas Gerais. Foi posteriormente liberado.