Os técnicos do IBGE abriram a divulgação desta quinta-feira (2) do PIB avisando que não seria possível informar a taxa de poupança da economia, por falta de dados produzidos pelo Banco Central: “As Contas Econômicas Integradas e a Conta Financeira não serão divulgadas no primeiro trimestre de 2022. O balanço de pagamentos, que é uma das fontes principais para elaboração das mesmas, não foi publicado pelo Banco Central do Brasil com dados referentes ao mês de março.”
As paralisações e greves dos servidores federais nos últimos meses têm impedido ou atrasado as divulgações de dados relevantes para a avaliação do cenário econômico. No BC, a greve dura dois meses, com um curto intervalo em abril, e já afetou a divulgação do Boletim Focus, que reúne as projeções de mercado e era publicado semanalmente.
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Deixaram de sair cinco boletins que acabaram deixando um buraco nas informações de projeções do mercado de PIB, juros e inflação para este ano e os próximos.
As estatísticas que mostram o comportamento do mercado de crédito em março, como juros praticados, inadimplência e volume de concessão também não foram publicadas, assim como a nota do setor externo, que mostra o balanço de pagamento e o volume de investimentos estrangeiros no país. Desde fevereiro não sai o IBC-Br, espécie de prévia do PIB.
"Por exemplo, quando o Banco Central através da Focus, atrasa alguns dias ou seus levantamentos não são propagados, no fundo afeta-se a atividade comercial, a atividade industrial, a atividade agrícola, porque todo mundo quer saber como é a taxa de câmbio em face da taxa de inflação", explicou.
A greve no Tesouro Nacional também já afetou publicações. O movimento começou na semana passada e já atrasou duas divulgações e um balanço. O Relatório Mensal da Dívida, marcado para 25 de maio, e o próprio resultado do Tesouro, previsto para 30 de maio, não saíram.
Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, ressalta que a falta dos números dificulta o trabalho de fazer análises do cenário econômico:
"Para quem está investindo é perda de informação, o que pode afugentar investidor."
Ela diz que não foi possível ver o impacto da alta de juros recente no crédito. Os últimos dados são de fevereiro:
"Estamos há quatro meses sem esses dados. Neste momento, é quando conseguiríamos identificar melhor os impactos da subida dos juros."
Sergio Vale, da MB Associados, diz que neste momento delicado da economia, não saber as expectativas para juros e inflação é muito ruim:
"Ficamos um pouco às cegas. E não parece haver solução a curto prazo."