Dólar ultrapassa R$ 4,90 e Bolsa tem forte queda, com Covid na China
Luciano Rocha
Dólar ultrapassa R$ 4,90 e Bolsa tem forte queda, com Covid na China

A Bolsa volta a ter forte queda e o dólar opera em alta nesta segunda-feira (25), chegando a ultrapassar a casa dos R$ 4,90, em mais um dia de aversão ao risco nos mercados internacionais. A expectativa de uma aceleração do aperto da política monetária nos Estados Unidos e as preocupações com a situação sanitária na China derrubavam os índices acionários pelo mundo e os preços de commodities importantes, como o petróleo.

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Por volta de 13h45, o Ibovespa caía 1,08%, aos 109.874 pontos.

No mesmo horário, a moeda americana tinha alta de 2,14%, negociada a R$ 4,9090, após atingir a máxima de R$ 4,9486.

Os ativos seguiam a trajetória de perdas vista na sexta-feira, quando o dólar subiu 4,04%, registrando sua maior alta diária em mais de dois anos.

O sócio da Nexgen Capital, Felipe Izac, destaca que os ativos domésticos refletem o ambiente de maior aversão ao risco visto no exterior.

"Temos visto o dólar se valorizando contra seus principais pares e contra emergentes ligados a commodities. A queda forte no preço das commodities, como o minério de ferro e o petróleo, tem afetado a cotação da nossa moeda e dos demais mercados emergentes. Na Bolsa, essa queda generalizada tem sido puxada pelos papéis ligados a minerais e petróleo. O setor de bancos também tem sofrido", destaca.

Para Izac, o mau humor dos mercados reflete as preocupações com as perspectivas futuras do crescimento global.

"Temos o maior temor com a recessão global e os casos de Covid-19 na China, que está ampliando as medidas de restrição. Uma China fechada tem potencial para derrubar preços das principais commodities e de trazer uma diminuição do PIB global. Outro temor que paira no mercado é uma posição ainda mais hawkish (favorável à retirada de estímulos) do Fed".

Covid-19 e juros

Em Xangai, que enfrenta a quinta semana consecutiva de restrições sanitárias, funcionários do governo estão erguendo diversas barreiras de metal em alguns distritos da cidade com intuito de bloquear ruas e entradas de complexos de apartamentos a fim de evitar a disseminação de casos de Covid-19.

Os temores, agora, são que as medidas de isolamento cheguem até a capital Pequim. Na cidade, autoridades anunciaram a realização de testagem em massa a partir desta segunda-feira no distrito de Chaoyang, onde residem mais de 3 milhões de pessoas.

O anúncio desencadeou uma corrida aos supermercados em plena noite de domingo. Como resultado, a Bolsa de Xangai registrou seu pior pregão desde fevereiro de 2020.

À medida que se intensificam e se espalham as medidas restritivas, aumentam as preocupações sobre o crescimento da economia chinesa no ano. A possibilidade de menor demanda do país afeta o mercado de commodities, que possui importante peso para a Bolsa brasileira.

E a perspectiva de menor crescimento, que não se restringe à China, ocorre em meio a um cenário global de inflação elevada. Com isso, os investidores já preveem uma aceleração do ciclo de altas de juros por parte do Federal Reserve, Banco Central americano.

O receio sobre o aperto monetário se intensificou após o presidente do Fed, Jerome Powell, admitir uma elevação de 0,50 ponto percentual é uma opção para as próximas reuniões de política monetária. O Fed volta a se reunir no início do próximo mês.

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"O grande temor é que eles sinalizem e mostrem que estão dispostas a elevar a taxa de juros no país acima da (taxa) neutra. Isso traz um temor global, o que tem tirado capital de economias emergentes e mais arriscadas e favorecendo essa cotação do dólar", disse Izac.

Petrobras e Vale caem

Entre as ações, as ordinárias da Petrobras (PETR3. com direito a voto) caíam 1,68%, e as preferenciais (PETR4, sem direito a voto), 2,59%.

As ordinárias da Vale (VALE3) cediam 3,16%, e as da Siderúrgica Nacional (CSNA3), 4,77%.

As preferenciais da Usiminas (USIM5) subiam 0,08%.

No setor financeiro, as preferenciais do Itaú (ITUB4) e do Bradesco (BBDC4) tinham quedas de 1,25% e 1,35%, respectivamente.

Petróleo cede

Os preços dos contratos futuros do petróleo operavam com forte queda pela manhã com possibilidade de que novos lockdowns na China afetem a demanda pela commodity.

Por volta de 13h30, no horário de Brasília, o preço para o contrato de junho do petróleo tipo Brent caía 5,63%, negociado a US$ 100,65, o barril.

Já o preço para o mesmo mês do tipo WTI cedia 5,41%, cotado a US$ 96,55, o barril.

Bolsas no exterior

As bolsas americanas operavam com direções contrárias. Por volta de 12h45, em Brasília, o índice Dow Jones caía 0,59% e o S&P, 0,86%. A Bolsa Nasdaq subia 0,01%.

Na Europa, as bolsas fecharam com quedas, acompanhando o sentimento negativo vindo da Ásia.

No mesmo horário, a Bolsa de Londres cedia 1,88%. Em Frankfurt e Paris, ocorriam quedas de 1,54% e 2,01%, respectivamente.

As bolsas asiáticas fecharam com baixas, com temores a respeito da adoção de novos lockdows na China.

O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, caiu 1,90%. Em Hong Kong, houve baixa de 3,73% e, na China, de 5,13%.

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