O dólar opera com baixa ante o real enquanto a Bolsa sobe no início desta terça-feira (12). No pregão, os investidores repercutem dados econômicos no Brasil e nos Estados Unidos e seus impactos para a política monetária em ambos os países.
Por volta de 10h35, a moeda americana tinha baixa de 1,03%, negociada a R$ 4,6415, após atingir a mínima de R$ 4,6225, em linha com o movimento da divisa no exterior.
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No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,96%, aos 118.074 pontos. O principal índice da B3 é ajudado pelo desempenho positivo das empresas ligadas a commodities no início dos negócios.
EUA: maior inflação desde 1981
Nos EUA, o índice de preços ao consumidor de março subiu 1,2% após uma alta de 0,80% em fevereiro, segundo dados do Departamento do Trabalho americano. É a maior alta mensal desde setembro de 2005.
No acumulado de 12 meses, a alta é de 8,5%. É o maior ganho anual desde dezembro de 1981 e seguiu um salto de 7,9% em fevereiro.
O núcleo do índice, que exclui componentes voláteis de alimentos e energia, subiu 0,3% em março depois de avançar 0,5% em fevereiro.
Em 12 meses, o núcleo subiu 6,5% após alta de 6,4% em fevereiro.
A divulgação de números pressionados já era esperada devido à guerra na Ucrânia. O conflito ajudou a elevar o custo da gasolina, um dos principais motores da inflação.
Além de elevar os preços de combustíveis, o conflito no Leste Europeu levou a um aumento global nos preços dos alimentos, já que a Rússia e a Ucrânia também são grandes exportadores de commodities como trigo e óleo de girassol.
Os números são importantes, pois ajudam o mercado a calibrar as expectativas sobre a velocidade do aperto monetário por parte do Federal Reserve, Banco Central americano.
Já é esperado pelos agentes uma alta de 0,50 ponto percentual na taxa de juros em março. O dia conta, novamente, com declarações públicas de membros do Fed, o que pode trazer volatilidade aos mercados.
No Brasil, serviços caem
No Brasil, o setor de serviços recuou 0,2% na passagem de janeiro para fevereiro, segundo dados da Pesquisa Mensal de Serviços, divulgados pelo IBGE. Os números vieram abaixo das expectativas do mercado.
É a segunda retração seguida. O setor permanece acima do nível pré-pandemia (com alta de 5,4%), mas agora com desempenho mais baixo frente o nível de fevereiro de 2020.
Assim como nos EUA, a intensidade do aperto monetário é assunto por aqui, apesar de já estarmos caminhando para o fim do ciclo de alta nos juros.
Após um dado forte do IPCA de março e de declarações do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, analistas do mercado já esperam um prolongamento das elevações da Selic no mês de junho.
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Petrobras e Vale sobem
Entre as ações, as ordinárias da Petrobras (PETR3, com direito a voto) subiam 1,04% e as preferenciais (PETR4, sem direito a voto), 1,50%.
As ordinárias da Vale (VALE3) avançavam 1,28% e as da Siderúrgica Nacional (CSNA3), 1,89%.
As preferenciais da Usiminas (USIM5) subiam 1,54%.
No setor financeiro, as preferenciais do Itaú (ITUB4) e do Bradesco (BBDC4) tinham altas de 0,34% e 0,79%, respectivamente.
Petróleo sobe, com Opep e China
Os preços dos contratos futuros do petróleo operavam com forte alta pela manhã, com o Brent retomando o patamar superior aos US$ 100.
Notícias de que a China teria flexibilizado medidas de restrição impostas em Xangai para conter o avanço de casos de Covid-19 e o relatório mensal da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) influenciam no comportamento da commodity.
No documento, a Opep cortou sua previsão de crescimento da demanda mundial por petróleo em 2022, citando o impacto da invasão russa da Ucrânia, o aumento da inflação à medida que os preços do petróleo disparam e o ressurgimento da variante Ômicron na China.
Segundo o grupo, a demanda mundial aumentaria 3,67 milhões de barris por dia (bpd) em 2022, uma queda de 480 mil bpd em relação à previsão anterior.
Por volta de 10h, no horário de Brasília, o preço do contrato para junho do petróleo tipo Brent subia 4,25%, negociado a US$ 102,67, o barril.
Já o contrato para maio do tipo WTI avançava 4,25%, cotado a US$ 98,04, o barril.
Mesmo com o corte, o consumo mundial de petróleo ainda deve ultrapassar a marca de 100 milhões de bpd no terceiro trimestre, como a Opep vem prevendo.
Anualmente, de acordo com a organização, o mundo usou pela última vez mais de 100 milhões de bpd de petróleo em 2019.
O relatório mostrou que a produção em março aumentou apenas 57 mil bpd para 28,56 milhões de bpd.
Bolsas no exterior
Na Europa, as bolsas operavam com baixas. Por volta de 10h30, a Bolsa de Londres cedia 0,70% e a de Frankfurt, 0,50%. Em Paris, ocorria baixa de 0,29%.
As bolsas asiáticas fecharam com direções contrárias. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, caiu 1,81%. Em Hong Kong, houve alta de 0,52% e, na China, de 1,46%.