O anúncio de antecipação da retirada da bandeira de escassez hídrica pelo governo - que acrescenta R$ 14,20 a cada 100 mWh consumidos e será encerrada no próximo dia 16 - levou analistas a reduzirem as projeções de inflação para o mês de abril, já que a mudança vai proporcionar certo alívio ao bolso do consumidor brasileiro antes do esperado.
Nesta sexta-feira (8), o IBGE divulgou a inflação de março . O índice subiu 1,62%, a maior alta para o mês de desde 1994 (42,75%), antes da implantação do Plano Real, que entrou em vigor em julho daquele ano.
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Mesmo com o fim da taxa extra na conta de luz neste mês, a perspectiva para os preços não é animadora.
Isso porque, para economistas, a saída antecipada da bandeira somente divide o efeito deflacionário entre os meses de abril e maio.
As projeções de inflação para o ano seguem inalteradas, em torno de 7%, e a perspectiva é manutenção dos preços elevados para itens como combustíveis, alimentos e medicamentos.
Mirella Hirakawa, economista sênior da AZ Quest, calcula que a saída da bandeira a partir do dia 16 retira 0,5 ponto percentual da projeção para o IPCA de abril, reduzindo a estimativa de 1,4% para 0,92% no mês. Em maio, porém, agora é esperado alta de 0,3% ante -0,2%.
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"O saldo dessa redistribuição do impacto da bandeira tarifária é nulo, mantendo a nossa projeção para o IPCA de 2022 em 7,4%. A gente mantém a perspectiva de que o pico da inflação será em abril, mas antes era esperado que a inflação chegasse a 12% em 12 meses, e agora deve atingir 11,5%. Só achatou a curva", explica Mirella, que prevê o retorno da bandeira tarifária amarela em dezembro.
'Mar de notícias ruins'
Étore Sanchez, economista da Ativa Investimentos, que também prevê o retorno da bandeira amarela no final do ano, reduziu a projeção para o IPCA de abril de 1,10% para 0,70%, ao passo em que elevou a projeção de maio, de -0,3% para 0,10%.
"No fim das contas, é uma antecipação de cerca de 15 dias que gera pequenas alterações para as projeções de curtíssimo prazo, mas a inflação para o ano segue idêntica, em 6,8%."
Tatiana Nogueira, economista da XP, calcula que a antecipação da retirada da bandeira de escassez hídrica dividirá seu efeito entre abril e maio: reduz 0,4 p.p. da projeção de abril - caindo de 1,07% para 0,67% -, e retira 0,4 ponto da estimativa de maio (passando de -0,23% para 0,17%), ante redução integral de 0,8 ponto no mês.
"É uma boa notícia essa antecipação, mas é um alívio muito pequeno. São 14 dias de energia mais barata na conta do consumidor, mas com o preço dos combustíveis crescendo acima de dois dígitos e os preços de alimentação acelerando, ao subir de forma mais rápida dado os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia. É uma pequena boa notícia num mar de notícias ruins e de pressão inflacionária", diz Tatiana, que projeta o IPCA em 7% este ano.