O presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão, pediu o fim da política da Petrobras que internacionaliza o preço dos combustíveis e disse ser "absurdo" o lucro da estatal em meio à alta nas bombas. Em entrevista ao Sindipetro-SP, ele disse que "não pode pagar em dólar se ganha em real".
No dia 14 de março, a Abrava foi ao Tribunal Regional Federal da 1° Região (TRF) para barrar os aumentos nos combustíveis praticados pela Petrobras no dia 10 de março, de 18,8% nos preços da gasolina, 24,9% do diesel e 16,1% do gás de cozinha. Na petição, a Abrava pediu o fim da Política de Paridade de Preços Internacional, que considera o valor do barril de petróleo no mercado externo para reajustar, ou não, os preços no Brasil.
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Segundo Landim, o PPI, instituído em 2016, prejudica os trabalhadores e aumenta a inflação enquanto a Petrobras registra lucros recordes.
"Essa pauta dos combustíveis não é exclusiva dos caminhoneiros, esse assunto envolve toda a sociedade, estamos falando de inflação na veia. O transporte em si não pode sofrer com isso com continuidade, e esse preço precisa ser repassado. Temos um levantamento que, inclusive, indica aumento para as próximas semanas", alerta Landim.
A proposta do governo de reduzir o imposto estadual, na visão do líder da Abrava, não passa de um "paliativo", já que não supre o aumento recente promovido pela estatal.
"Essa outra ação que o governo propôs, do ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] dos estados, ficou muito claro que no texto original fala da retirada de 30% do valor do imposto, e já tivemos um mega aumento de 25%, então é paliativo. Outra questão que ninguém coloca é sobre as armadilhas existentes dentro da Petrobrás, colocadas para o povo brasileiro, tanto é que 27% da composição da gasolina é do etanol, o que não tem nada a ver com moeda estrangeira, então o povo está sendo enganado e não podemos ficar calados", disse.
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Landim afirma que conversa com lideranças de outros setores, como motoristas de aplicativos, e alega que se houver um novo aumento, ficará "sem condições de rodar".
Por enquanto, ele afasta a possibilidade de uma nova greve e foca em conscientização da população sobre a importância de dar fim ao PPI.
"Existe um trabalho de conscientização, mas vejo, sim, a possibilidade de uma parada natural e, se tiver hoje, eu me dedico para proteger a categoria dos transportadores autônomos", afirma.
"Por isso, precisamos de muita responsabilidade para não direcionar a categoria para o abismo, porque já estamos na beira dele. Um transportador que se mobilizasse na rodovia receberia até R$ 100 mil de multa por dia, então tivemos que tirar o pé. Hoje, nossa estratégia é unir forças, conscientizar e trazer a sociedade junto, como em 2018", completa.