O aumento da inflação é a consequência mais clara e rápida da guerra entre Rússia e Ucrânia para o mundo e para o Brasil, explicaram os participantes do evento. A alta dos preços já era o maior problema macroeconômico de curto prazo desde que a pandemia de Covid-19 bagunçou as cadeias globais de abastecimento, mas foi agravada pelo conflito, sobretudo devido à alta nos preços das commodities.
"A gente vai ter um mundo com inflação alta durante mais tempo. Nos EUA deve ficar na faixa de 4%, 5%, durante anos", comentou Castelar.
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O professor do Instituto de Economia da UFRJ destacou que parte dos distúrbios se deve à guerra em si, mas outra parte se dá por causa das sanções do Ocidente contra a Rússia, que puxaram sobretudo os preços do petróleo no mercado internacional:
"E as sanções não devem acabar com a guerra."
Outras commodities, como o trigo, também saltaram e causaram aumento nos custos das empresas.
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"O efeito principal é a inflação. A Ucrânia e a Rússia, juntas, são responsáveis por quase 30% (das exportações) do trigo no mundo", disse Gustavo Theodozio, da M. Dias Branco. "O preço do trigo no mercado global subiu quase 60%. É um desafio. O repasse de preço acaba tendo que acontecer."
‘É um mundo diferente’
Para Luís Rua, da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a pandemia já foi bastante disruptiva em relação às cadeias globais de valor, e o conflito entre dois produtores relevantes de commodities ligadas à alimentação é mais um distúrbio preocupante:
"É um mundo diferente em Nova York, em Genebra e até mesmo na minha querida Mogi-Guaçu. Tudo que tínhamos pensado na década de 1990, nos anos 2000, se alterou com esses acontecimentos", afirmou.
Segundo ele, será preciso repassar a alta de custos:
"Infelizmente para o consumidor final, devemos ver a necessidade por parte dos produtores de repasses de preços num momento bastante complicado para continuar sobrevivendo."