Na última semana, a Bahia registrou o preço mais alto da gasolina no país, de R$ 8,949. Os preços dos combustíveis estão em alta em todo o país, mas na Bahia o salto tem sido mais rápido. Com 14% da capacidade de refino no país, a Refinaria de Mataripe vem reajustando os preços com maior frequência que a Petrobras neste ano.
Ela foi vendida pela Petrobras ao fundo árabe Mubadala. A Acelen, empresa do Mubadala, tem repassado de forma quase automática as flutuações em petróleo e dólar aos preços vendidos não só na Bahia, como em Pernambuco, Maranhão e Alagoas.
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Assim, na refinaria da Bahia, o preço da gasolina já foi reajustado em 29,7% este ano. Passou de R$ 3,267, em janeiro, para R$ 4,238 no último sábado. Ao todo, foram cinco altas e uma queda.
No caso do diesel, o avanço chegou a 47% na refinaria. O preço por litro subiu de R$ 3,427 para R$ 5,066 entre janeiro e o último sábado. Houve também uma queda e cinco altas ao longo deste ano. Os valores se referem à estação de São Francisco do Conde, na área operacional da empresa.
No mesmo período, na Petrobras, foram feitos dois aumentos na gasolina, que acumula avanço de 24,9% e chegou a R$ 3,86 por litro na refinaria. No diesel, foram dois reajustes, com alta acumulada de 35% e preço de R$ 4,51.
Há duas semanas, a Advocacia Garcez, representando o Sindipetro Bahia, ingressou com ação civil pública na Justiça pedindo “imediata paralisação” dos trâmites finais do processo de venda até que seja apresentado um estudo sobre os impactos da privatização para a economia baiana. O processo de transição deve acabar só em março de 2023.
Desabastecimento pontual
Segundo o processo, "a venda da refinaria causaria um monopólio regional e afetaria profundamente a economia baiana". O Sindipetro pede também que seja feita audiência pública na Bahia para se debater os efeitos da privatização da refinaria na região.
A ação pede que sejam apresentadas políticas públicas para reduzir os efeitos já sentidos nesse processo de venda.
Procurada, a Acelen disse que os preços seguem critérios de mercado que levam em consideração variáveis como custo do petróleo, que é adquirido a preços internacionais, dólar e frete, podendo variar para cima ou para baixo.
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"Toda sexta à noite é liberada para as distribuidoras a tabela nova, que pode ter reajuste ou não. A gente só pode comprar na refinaria da Bahia, porque se for comprar em outro estado, tem que pagar uma diferença de ICMS. Fica bem mais caro, até pela distância", diz Andrea Novaes, representante de um posto de combustível em Jequié, onde o litro da gasolina custa R$ 7,72.
Na terça-feira, com a queda do preço do petróleo no mercado internacional, a defasagem da gasolina está zerada. Ou seja, é vendida no Brasil pelo mesmo preço do exterior, diz a Abicom, associação dos importadores.
No caso do diesel, a diferença é de 3% (R$ 0,12). No Brasil, a Petrobras vende em média 3% mais barato que no exterior.
Segundo Sergio Araujo, presidente da Abicom, que reúne as importadoras, não houve importações de gasolina e diesel entre as associadas nos primeiros três meses deste ano. Para ele, talvez possa haver em abril, mas vai depender da evolução dos preços.
"Não houve operações porque a defasagem ficou muito elevada nesse ano por parte da Petrobras", disse Araujo.
Segundo fontes, já estaria ocorrendo desabastecimentos pontuais de gasolina e diesel em alguns postos do Nordeste, Minas Gerais e Sul do Brasil. Isso ocorre, segundo analistas, porque as importações precisam ser maiores.
Hoje, cerca de 25% do consumo de diesel no Brasil são importados e cerca de 10% do de gasolina.
Dados da S&P Global Commodity Insights, as importações líquidas de gasolina foram zero em janeiro. No mesmo mês de 2021, foram 39 mil barris por dia. No caso do diesel, o valor diário de importação líquida caiu de 160 mil barris, em janeiro de 2021, para 105 mil barris diários em janeiro deste ano. Em nota, a ANP disse que o abastecimento se mantém regular.