Depois que o Banco Central (BC) decidiu elevar a taxa básica de juros para 11,75% ao ano, o mercado ainda manteve a aposta em uma inflação mais alta ao final de 2022 combinada com uma elevação na projeção da Selic ao final do ano.
O relatório Focus publicado nesta segunda-feira (21), que reúne as expectativas de mercado, mostra que a projeção de inflação para 2022 subiu de 6,45% na semana passada para 6,59%. Com essa elevação, o número vai ficando cada vez mais longe da meta de inflação de 3,5% estabelecida para este ano.
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Como a meta tem um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p) para cima ou para baixo, o número ainda ficaria acima do teto, o que significaria um descumprimento da meta pelo segundo ano seguido.
Para 2023, as expectativas também subiram de 3,70% para 3,75%, ainda dentro do intervalo da meta de 3,25%.
Os preços têm sido impactados pelos reflexos da guerra entre Ucrânia e Rússia nos combustíveis e nos alimentos ao redor do mundo.
Nesse cenário, o mercado também elevou sua projeção para a Selic este ano de 12,75% para 13%. A mudança reflete um cenário de inflação mais alta e as indicações que o Banco Central fez de novas altas de juros e da incerteza no cenário econômico. Para 2023, a expectativa também foi elevada de 8,75% para 9% ao ano.
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Paralisação de servidores
O Focus normalmente é divulgado por volta de 8h30 toda segunda-feira, mas o Banco Central avisou nesta manhã que a publicação será feita, extraordinariamente, às 10h.
No entanto, as informações foram publicadas antes do horário indicado, no Sistema de Expectativas de Mercado, um ambiente em que os dados do Focus podem ser buscados com mais detalhes. O documento em si, que é divulgado no site do BC, foi publicado às 10h.
Embora o BC tenha se recusado a comentar, o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) informou que o atraso na divulgação foi motivado pela paralisação de servidores que vem ocorrendo desta a última quinta-feira.
Essas paralisações têm acontecido diariamente das 14h às 18h e são parte de um movimento dos servidores por reajuste de salários e reestruturação da carreira. Além das paralisações, os funcionários que são substitutos em funções comissionadas também já pediram para que seus nomes fossem retirados da função, de acordo com o sindicato.
O Sinal fará uma nova assembleia na terça-feira e discutirão greve caso o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, não os recebam para uma reunião e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, não envie um ofício para o governo "exigindo" um reajuste salarial nos mesmos moldes que foram prometidos para a Polícia Federal.