Um coletivo de entregadores de aplicativo que reúne cerca de 200 pessoas decidiu fazer uma paralisação no Rio nesta sexta-feira (18). O grupo se reuniu no entorno de dois shoppings e impediram que entregadores buscassem ou fizessem entregas. O protesto é contra o aumento nos preços dos combustíveis. Eles pedem também melhorias nas taxas de entrega pagas pelos apps.
O movimento ocorre no mesmo dia em que o iFood anunciou um reajuste na taxa paga aos entregadores a partir de 2 de abril. A empresa prometeu uma correção de 12,9% para toda a base de parceiros, passando de R$ 5,31 para R$ 6. Esse movimento indica uma transferência de até R$ 3,2 milhões do caixa da empresa para o bolso do entregador ao longo dos próximos 12 meses.
A taxa mínima por quilômetro rodado também foi reajustada, em 50% (de R$ 1 para R$ 1,50).
Os entregadores, por sua vez, dizem que a nova taxa não cobre nem um litro de combustível para os que trabalham motorizados.
"Para nós, que trabalhamos de moto, às vezes cai uma corrida de 5km, 10km, e duas entregas no mesmo lugar, mas o iFood só paga uma tarifa. Uma sai de graça. E o caminho até buscar o pedido, também. É muito injusto", conta Yago Malaquias, de 20 anos.
"Não paga um litro de gasolina, e não acompanha o aumento de agora dos combustíveis. Não compensa", disse outro entregador, que preferiu não se identificar.
Segundo os entregadores, há paralisações em Ipanema, Copacabana, Botafogo, Meier, Cachambi, Tijuca e Vila Isabel.
Na Tijuca, os entregadores se concentram nos fundos do Shopping Tijuca, por onde recebem os pedidos de bares e restaurantes. Os manifestantes chegaram a fechar a via com bicicletas, mas depois de alguns minutos liberaram o trânsito. Houve confusão, e a Polícia Militar foi chamada.
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Eles também reclamam que o sistema de divisão das entregas pelo aplicativo não compensa. Os entregadores são divididos em duas categorias: na "nuvem", estão os que trabalham onde querem e no horário que desejam, sendo chamados para entregas próximas de onde estão.
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No modelo de "operador logístico" (OL), eles trabalham em um determinado horário e região. Segundo a categoria, no entanto, o aplicativo prioriza o segundo sistema, e quem fica em "nuvem" não é chamado.
Em nota, o iFood negou que o reajuste tenha qualquer relação com a manifestação, ressaltando que a empresa "respeita o direito de manifestação e esclarece que mantém o compromisso de diálogo aberto com os entregadores para buscar melhorias e oportunidades para os profissionais".
O documento ainda cita os reajustes das taxas e afirma que criou o "código de validação da entrega" e que oferece "seguros contra acidentes pessoais e lesão temporária (a única empresa a oferecer essa cobertura)". "Desde o início da pandemia, o iFood já investiu mais de R$ 160 milhões em iniciativas de apoio aos entregadores",
Sobre os sistemas "OL" e "Nuvem", a empresa afirmou que não faz predileção por nenhum modelo de entrega na plataforma "por acreditar que os existentes possuem características distintas e que se complementam para entregar a melhor experiência para o usuário".
Nas redes sociais, clientes reclamaram de pedidos atrasados e cancelados ou da dificuldade de cancelar os pedidos nas plataformas em razão da paralisação.