Os ministros da Economia, Paulo Guedes, e de Minas e Energia, Bento Albuquerque, descartaram nesta quinta-feira (10) qualquer mudança na política de preços da Petrobras. Eles também garantiram que isso não foi discutido no governo, embora o presidente Jair Bolsonaro tenha feito diversas críticas ao mecanismo.
Em meio à disparada dos preços do petróleo, a Petrobras anunciou nesta quinta-feira reajustes nos preços de gasolina e diesel após quase dois meses de valores congelados nas refinarias.
A partir desta sexta-feira, o preço médio de venda da gasolina para as distribuidoras passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro, um aumento de 18,8%. Para o diesel, o preço médio passará de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro, uma alta de 24,9%.
"Nós nunca pensamos em alterar a política de preços da Petrobras", disse Paulo Guedes.
Ao lado de Guedes, Bento Albuquerque acrescentou.
"O reajuste que houve hoje da Petrobras é um procedimento da própria empresa, como de outras empresas que vendem derivados de petróleo no Brasil. A petrobras não é a única. Desde a lei do petróleo, o mercado é livre, e foi isso que aconteceu hoje".
O ministro de Minas e Energia afirmou que isso a política é uma lei, e não uma vontade do governo.
"Isso é uma lei, não é uma vontade do governo. É uma lei de mercado. O preço é fruto da disponibilidade do produto. O que existe hoje é uma escassez do produto combustível, particularmente do diesel, no mundo. Porque falta petróleo e capacidade de refino", disse Albuquerque.
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Desde 2016, a Petrobras passou a adotar para suas refinarias uma política de preços que se orienta pelas flutuações do preço do barril de petróleo no mercado internacional e pelo câmbio.
O presidente Jair Bolsonaro, mirando a campanha à reeleição, tem indicado, porém, que não deve deixar a estatal brasileira repassar integralmente a alta do petróleo no mercado internacional aos preços do mercado interno. Na segunda-feira (7), ele disse que a paridade da empresa com os preços internacionais "não pode continuar".
O petróleo Brent, principal referência internacional, já acumula alta de mais de 40% no ano, e chegou a alcançar US$ 139 na segunda-feira.
Guedes disse ser natural que o presidente se preocupe que os preços. O ministro de Minas e Energia também afirmou que as críticas de Bolsonaro são normais.
"O presidente e qualquer cidadão, inclusive nós, quando vê o preço de combustível e de qualquer commodity, evidentemente que vai criticar. Mas não somos nós que fixamos os preços, os preços são fixados de acordo com a oferta e a demanda. O que está ocorrendo com os combustíveis, da mesma forma que acontece com trigo e soja, é que se tem maior demanda os preços sobem", disse o ministro de Minas e Energia.
Bento Albuquerque ainda ressaltou que o preço dos combustíveis está alto em todo o mundo. E lembrou que o Brasil não tem capacidade de refinar tudo que consome, sendo necessário importar cerca de 30% do diesel.
"O Brasil não é autossuficiente em refino de petróleo. Nós temos dependências externas, sendo que as duas principais são o diesel e o gás de cozinha, que cerca de 30% (são importados). O preço dos combustíveis está crescendo em todo o mundo. Isso não está sendo diferente no Brasil", afirmou.