Dólar está caindo e já está no menor patamar em 7 meses
Redação 1Bilhão
Dólar está caindo e já está no menor patamar em 7 meses

O real tem se valorizado com força frente ao dólar nos últimos dias e, na manhã desta quarta-feira (23), a cotação da moeda americana chegou a ser negociada abaixo de R$ 5 , o que não ocorria desde julho do ano passado. Até o fechamento desta terça-feira, o dólar tem queda de 9,39% ante o real.

Mas, afinal de contas, com o risco de uma guerra na Ucrânia, a inflação em alta no Brasil e a perspectiva de um aperto maior de juros nos EUA, por que o dólar não para de cair?

Entenda, abaixo, os motivos para a queda do dólar

Rotação de carteiras

Desde o início do ano, o Brasil vem se aproveitando de uma rotação de carteira dos investidores internacionais.

Eles têm procurado papéis de “valor”, como são conhecidas as empresas com histórico mais consolidado, entre elas as de commodities e bancos, setores com forte peso no índice brasileiro.

A rotação ocorre pela perspectiva de elevação dos juros americanos, que prejudica papéis de "crescimento", como são chamadas as companhias que apostam em teses de crescimento futuro. Essas ações costumam ser as mais afetadas por um ambiente de alta nos juros.

Até o pregão do dia 21 de fevereiro, a entrada de fluxo estrangeiro no segmento secundário da B3, aquele com ações já listadas, estava positivo em R$ 56,76 bilhões.

No mês de janeiro, a Bolsa atraiu R$ 32,49 bilhões de investidores fora do Brasil, o quarto mês seguido de ingresso de recursos e a segunda maior marca em um período de dez anos.

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Juros maiores no Brasil

A taxa básica de juros no Brasil, a Selic, está hoje em 10,75% e é uma das maiores do mundo. 

Com juros mais altos, aplicar no Brasil garante um retorno financeiro maior aos investidores em títulos de renda fixa brasileiros do que em papéis deste tipo de outros países. 

O fluxo de recursos externos para o país ajuda a derrubar a alta do dólar. 

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Inflação maior que o previsto

Na manhã desta quarta-feira (23), o IBGE divulgou um resultado da inflação maior do que o previsto pelos analistas. 

Isso pode levar o Banco Central brasileiro a subir os juros mais rapidamente ou para um patamar maior do que até então era o esperado pelo mercado financeiro, justamente para conter a alta de preços.

Juros mais altos podem atrair mais recursos para o país, pressionando para baixo o dólar. 

Preços de commodities em alta

Os preços do petróleo e de outras matérias-primas exportadas pelo Brasil estão em forte alta desde o ano passado. Na terça-feira, o preço para o contato de abril do Brent, referência no mercado internacional, aproximou-se dos US$ 100.

Como o Brasil é um grande vendedor desses produtos, preços maiores significam mais receitas para o país, ou seja, mais ingresso de recursos, o que leva à queda do dólar. 

Refúgio contra risco geopolítico

Em meio à crise na Ucrânia, alguns analistas avaliam que o Brasil pode ter se tornado, para investidores que aplicam em mercados emergentes, uma espécie de refúgio contra riscos geopolíticos. 

Muitos desses investidores globais, que compram ativos de países emergentes em busca de um maior retorno, têm evitado a China nos últimos meses, depois que Pequim começou uma ofensiva regulatória contra gigantes de tecnologia locais.

Ao buscar novos destinos para seus recursos, esses investidores evitam também países do leste europeu e outros emergentes que possam ser afetados pela escalada de tensões entre Rússia e Ucrânia. Nesse contexto, a América Latina aparece como um local relativamente seguro – e o maior mercado para capitais estrangeiros na região é o Brasil. 

Até onde vai a queda do dólar?

Uma piora na situação fiscal brasileira, com o governo dando sinais de que vai aumentar os gastos em ano eleitoral, pode ser um freio à queda do dólar. 

Além disso, um ciclo de alta de juros mais acelerado nos EUA ou o agravamento da crise na Ucrânia pode levar os investidores globais a buscarem investimentos mais seguros, reduzindo a atratividade do real. 

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