O Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos) afirmou em comunicado nesta quarta-feira (26) que deve aumentar as taxas de juros a partir de março. "Com a inflação bem acima de 2% e um mercado de trabalho forte, o comitê espera que em breve seja apropriado aumentar a meta para a taxa básica de juros", afirmou após uma reunião do Fomc, sigla em inglês para Federal Open Market Committee (Comitê Federal de Mercado Aberto).
Esta foi a primeira das oito reuniões anuais do comitê, para definir a meta de juros dos fundos federais. A mesma função é desempenhada pelo Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central do Brasil. Por aqui, a nossa taxa básica de juros, a Selic, está em 9,25% ao ano e também deve sofrer um novo ajuste futuramente.
Quando os juros estão baixos, o crédito para financiamento e empréstimos fica mais barato. Isso estimula as pessoas a comprar bens e consumir. Com o aumento da demanda, as empresas começam a gerar mais empregos. É a chamada política monetária expansionista.
Por isso, no início da pandemia em 2020, o Fomc rebaixou a sua meta de juros para um intervalo entre 0 e 0,25% ao ano. A ideia era evitar demissões em massa provocadas pelo fechamento da economia. No entanto, com a reabertura econômica, crédito barato e escassez de produtos, os Estados Unidos assistiram à sua maior inflação nas últimas quatro décadas.
Por isso, os representantes do Fed estudam elevar as taxas de juros desde o segundo semestre do ano passado. Taxas maiores desestimulam a economia. A demanda cai, e a oferta sobe. Assim, os preços ficam mais baixos.
Leia Também
O anúncio do banco central americano já repercurtiu em outras partes do mundo. As bolsas asiáticas fecharam em forte baixa nesta quinta (27). Em Seul e em Tóquio, na Coreia do Sul e no Japão, respectivamente, a queda foi superior a 3%. Já na China, Hong Kong recuou 1,99%, e Xangai, 1,78%.
Como isso afeta o Brasil?
Se o aumento da taxa de juros sinalizado pelo Fomc realmente acontecer, isso deve afetar os investimentos de pessoas e empresas de todo o mundo. Mas não é só isso. Empregos, salários e os preços de bens e serviços também entram em jogo.
Com mais dinheiro em circulação em um país, os investidores ficam mais seguros em comprar ações em países emergentes como o Brasil, onde esse tipo de aplicação é considerada arriscada devido à volatividade do mercado. Por isso, juros mais altos nos Estados Unidos podem provocar uma fuga de investimento estrangeiro, já que os investidores vão optar por opções com menos riscos atrelados.
Além disso, a alta também pode afetar o câmbio. Se há menos investimentos estrangeiros por aqui, o dólar entra no nosso país em menor quantidade. Por isso, seu valor frente ao real tende a subir. Se a moeda americana fica mais cara, o valor de maquinários e insumos das indústrias também aumentam de preço. Isso pode impactar diretamente o consumidor final.