Imóveis
Redação 1Bilhão Educação Financeira
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Com a taxa básica de juros — a Selic — em 9,25% ao ano e a projeção de novos aumentos ao longo do ano, a Caixa Econômica Federal vai promover alterações nas condições para a concessão de crédito imobiliário. O banco negou que esteja reajustando suas taxas de juros na modalidade prefixada pela Taxa Referencial (TR). A taxa balcão hoje está em 8,99% ao ano, valor praticado desde novembro 2021. Segundo a instituição financeira, haverá uma "adequação nas condições para aplicação de redutores, que podem variar as taxas entre 8% a.a e 8,8% a.a., a depender do relacionamento do cliente com o banco".

Na prática, para obter alguma redução nas taxas de financiamento da casa própria, o interessado terá que contratar mais produtos e serviços no banco, como abrir conta-salário, fazer seguro, aceitar cartão de crédito e realizar investimentos, entre outros. O banco acrescentou ainda que "variações dos redutores podem ocorrer a depender do comportamento do mercado". As mudanças devem ocorrer em fevereiro.

Na avaliação de Gilson Oliveira, professor de Finanças do Ibmec-RJ, ao endurecer as exigências para conceder crédito mais barato, o banco está praticando uma elevação nos juros disfarçada:

"A readequação que eles estão fazendo é da taxa final. Os produtos bancários têm que ser avaliados individualmente, e muita vezes não é do interesse do comprador do imóvel adquirir esses serviços. É um movimento de mercado. Os bancos privados elevaram suas taxas. Na prática, quem contrata um financiamento agora terá que comprometer uma fatia maior de sua renda, adquirir um imóvel mais barato ou oferecer uma entrada maior", ressalta ele.

Efeito-cascata

Com a Selic maior, os bancos elevam taxas. Toda vez que o Banco Central (BC) aumenta a taxa básica de juros, na tentativa de controlar a inflação, ele gera impacto em toda a economia e encarece também o financiamento da casa própria, que é um crédito de longo prazo.

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"É natural um banco ficar alinhado com a subida da Selic, e readequar os redutores de taxa é uma forma de amenizar uma notícia ruim. Se tiver relacionamento comigo, vai ter taxas menores", explica Pedro Cunha, professor dos MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV) e especialista em mercado imobiliário.

Para Marco Adnet, vice-presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ) e sócio da Konek Transformação Imobiliária, embora os juros estejam mais altos, o mercado imobiliário deve manter o ritmo de negociações:

"O juro real, que é a diferença entre inflação e taxa de juros, está negativo, o que significa dizer que não está fazendo um estrago porque os juros ainda estão perdendo para a inflação. Isso pode mudar em fevereiro, mas nada que justifique o arrefecimento", afirma ele.

Para o consumidor, a mudança de comportamento dos agentes financeiros vai exigir mais atenção de quem está pensando em contratar um financiamento imobiliário.

"Para o cálculo dos juros oferecidos pela instituição financeira, vai pesar o perfil do cliente que está pedindo o financiamento e a cesta de serviços que o banco está oferecendo. É preciso ter atenção ao combo de relacionamento. O que de fato o cliente vai usufruir? É bom para ele?", observa Patricia Curvelo, diretora da BidYou, assessoria de investimentos imobiliários.

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