A inflação fechou o ano de 2021 em 10,06%, segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo IBGE. É a maior alta em seis anos, quando chegou a 10,67% em 2015, no governo Dilma. Já o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que reajusta teto do INSS e aposentadoria de quem ganha acima do mínimo fica em 10,16% em 2021.
O mês de dezembro, porém, foi marcado por uma desaceleração no indicador, sobretudo dos preços dos combustíveis, que pressionaram o IPCA ao longo do ano. Na variação mensal, a inflação subiu 0,73%, ante 0,95% em novembro.
Apesar do arrefecimento no fim do ano, a inflação oficial do país encerrou 2021 bem acima da meta estabelecida pelo Banco Central (3,75%) que contava com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p) para cima ou para baixo, ou seja de 2,25% a 5,25%.
O resultado veio acima do esperado. A expectativa dos especialistas ouvidos pela Reuters era que a inflação encerrasse o ano em 9,97%.
Já o último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira pelo Banco Central e que reúne expectativas de analistas de mercado, mostrou que o mercado reduziu a expectativa para a inflação de 2021, de 10,01% para 9,99%.
Para 2022, a projeção do Focus é que a inflação encerre o ano em 5,03%, acima do teto da meta.
Combustíveis, energia e alimentos
Os principais vilões da inflação este ano foram energia elétrica, combustíveis e alimentos. O grupo Transportes subiu 21,03% no ano, seguido da Habitação (13,05%) e Alimentação e bebidas (7,94%). Juntos, os três grupos responderam por cerca de 79% do IPCA de 2021.
Os combustíveis dispararam em meio à a alta do dólar e a demanda global por petróleo. Já o preço da energia elétrica pesou no bolso do consumidor por conta da crise hídrica, a pior dos últimos 91 anos e que fez com que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) precisasse acionar as usinas termelétricas.
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Desde setembro está em vigor a bandeira tarifária Escassez Hídrica, que acrescenta R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos. A expectativa é que a bandeira permaneça vigente até abril de 2022.
Depois de fechar o ano de 2020 com alta de 14%, o grupo Alimentação e bebidas também pressionou a inflação ao longo do ano por conta da seca prolongada e as geadas.
Os fenômenos climáticos impactaram a produção no campo, o que contribuiu para a elevação de itens como café e açúcar. Segundo analistas financeiros, os preços dos produtos agropecuários devem continuar em alta pelo menos até o primeiro semestre de 2022.
Perspectivas
Analistas econômicos avaliam que a inflação deverá arrefecer ao longo de 2022, mas o IPCA ainda deve permanecer pressionado, fechando acima do teto da meta de 5%. Se confirmado, será o segundo descumprimento consecutivo da meta de inflação pelo Banco Central.
Enquanto o ciclo de aperto monetário e a normalização das cadeias produtivas globais tendem a fazer o indicador a perder força, as incertezas fiscais e a inércia inflacionária não devem permitir que a inflação ceda tão rapidamente.
O Credit Suisse estima que três pontos porcentuais da inflação de 2022 resultarão da inércia inflacionária.