Parlamentares dos Estados Unidos, do Reino Unido e da União Europeia divulgaram um comunicado na última terça-feira (4) em que pedem às autoridades de seus respectivos países uma investigação contra a empresa brasileira JBS por suas práticas comerciais e por sua possível relação com o desmatamento.
O documento é assinado pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado dos Estados Unidos, Bob Menéndez (democrata), pelo membro do Parlamento Britânico Ian Liddell-Grainger (conservador) e pelo presidente da Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural do Parlamento Europeu, Norbert Lins (democratas-cristãos).
"Como legisladores da Europa e dos Estados Unidos, temos observado com preocupação crescente as problemáticas práticas de negócio da companhia brasileira JBS, de sua matriz, a J&F Investimentos, e de suas subsidiárias", diz o comunicado.
Os políticos pedem que os seus governos conduzam investigações coordenadas sobre a JBS, de modo que "a empresa seja forçada a operar dentro dos padrões esperados de finanças, negócios e conduta ambiental".
Também solicitam que as autoridades "examinem as práticas antimonopólio e anticompetitivas da JBS e avaliem se os abusos da empresa podem prejudicar permanentemente as cadeias de abastecimento de alimentos".
Na segunda (3), o governo americano divulgou um plano para aumentar a concorrência no setor de carnes. A ideia é direcionar US$ 1 bilhão para expandir a capacidade de pequenas processadoras do país e reduzir o monopólio das grandes companhias, entre elas, a multinacional brasileira.
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Os três legisladores se dizem preocupados com o "incômodo histórico ambiental da JBS na América do Sul e com o dano que a companhia tem causado na floresta amazônica, por obter gado de fazendas que contribuem para o desmatamento".
A declaração ainda ressalta que, durante a última década, a empresa "teve envolvimento em atividades criminosas" e assumiu a culpa "de 1.500 atos de suborno no Brasil", "de violações na fixação de preços antimonopólio" e de "violar a lei de práticas corruptas no exterior dos Estados Unidos", além de ainda não ter pagado "bilhões de dólares em multas".
Os parlamentares se mostram surpresos com o fato de que Wesley e Joesley Batista permanecem como acionistas majoritários da companhia, apesar de terem sido alvo de vários processos. Em 2016, a Polícia Federal descobriu indícios de corrupção e pagamento de propina envolvendo os donos da multinacional.
Em dezembro deste ano, seis redes de supermercados europeus anunciaram que não venderiam mais carne bovina de origem brasileira, após uma investigação da Repórter Brasil e da organização Mighty Earth denunciar que o produto tinha relação com o desmatamento de floretas nativas no país, como a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal. Entre as empresas afetadas estavam a JBS, que, muitas vezes, é responsável pelo processamento dessa carne.
Procurada pelo iG, a JBS disse que não vai se pronunciar sobre o assunto.