O número de americanos que deixaram seus empregos alcançou um patamar recorde de 4,5 milhões em novembro, enquanto a oferta de vagas permanece elevada. Os números reforçam a rotatividade persistente no mercado de trabalho e a disposição dos americanos em buscar postos melhores no pós-pandemia.
O aumento nas saídas foi amplo em todos os setores e empurrou a taxa de desistência para 3%, correspondendo ao nível recorde visto pela última vez em setembro e sugerindo que um número elevado de pessoas continuava deixando seus empregos voluntariamente.
Enquanto isso, o número de vagas disponíveis caiu para 10,6 milhões ante os 11,1 milhões revisados para cima em outubro, segundo dados da Pesquisa de Abertura de Emprego e Rotatividade de Trabalho, divulgada pelo Departamento do Trabalho nesta terça-feira.
A mediana das previsões de uma pesquisa da Bloomberg com economistas apontava para um aumento de 11,1 milhões de vagas ociosas de emprego. Embora a queda tenha sido a maior desde abril de 2020, essas vagas permanecem bem acima dos níveis pré-pandemia.
'Grande Renúncia'
O nível sem precedentes de demissões, incluindo um recorde de 1 milhão apenas no setor de lazer e hospitalidade, sugere uma luta persistente para os empregadores reterem talentos.
Desde o início da recuperação pós-pandemia, os EUA presenciaram um êxodo maciço de trabalhadores do mercado. A partir de abril, quando foi registrado o primeiro pico de demissões, cerca de quatro milhões de americanos por mês decidiram deixar o mercado de trabalho ativo por conta própria.
E em muitos casos a renúncia ocorre sem a garantia de um outro emprego ou mesmo a intenção de procurar um.
O fenômeno vem sendo chamado de a “The Great Resignation” (A Grande Renúncia, em tradução livre). Dentre os motivos para o abandono das vagas estão o descontentamento em relação ao emprego atual, mudanças sobre a forma de enxergar o ofício.
Nem mesmo o fim dos programas de auxílio pagos pelo governo americano para arrefecer os efeitos da pandemia, e que foram encerrados no início de setembro, conseguiram interromper o fluxo de saída.
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Outro efeito do abandono das vagas por parte dos americanos pode ser visto no aumento de número de greves no país. Com menos trabalhadores disponíveis, os empregados ganharam mais poder para barganhar com os patrões.
E os que já são sindicalizados têm mais força para fazer greve caso suas demandas não sejam atendidas. Até 15 de dezembro do ano passado, já haviam sido realizadas 250 greves no país, de acordo com levantamento da Universidade de Cornell.
Mas, o aumento nas contratações do mês mostrou que as empresas conseguiram fazer pelo menos algum progresso no preenchimento de vagas.
Os dados vêm antes do relatório mensal de empregos do Departamento do Trabalho, o chamado "payroll", que será divulgado na sexta-feira. A previsao e que o país tenha gerado 420 mil vagas no mês de dezembro.
Salto de demissões
O relatório divulgao nesta terça refletiu desistências sem precedentes em serviços de hospedagem e alimentação, enquanto a indústria de transporte e armazenamento registrou o segundo maior número de renúncias já registradas. As desistências também aumentaram notavelmente na área de saúde.
Um aumento nas infecções por Covid-19 nas últimas semanas poderia impactar tanto a oferta de trabalhadores quanto o número de vagas abertas, se mais americanos recuassem em atividades como viagens e restaurantes, e os negócios lutariam para permanecer abertos.
As vagas diminuíram em hospedagem e serviços de alimentação, construção e fabricação de bens não duráveis. As maiores quedas ocorreram nas regiões Sul e Centro-Oeste.
O total de contratações pouco mudou em novembro, em 6,7 milhões. Demissões e dispensas também foram constantes.