O presidente Jair Bolsonaro afirmou em transmissão nas redes sociais nesta quinta-feira (23) que não quer cometer injustiças com servidores e que todas as categorias merecem reajuste. A fala vem na esteira da pressão feita por auditores da Receita Federal que aprovaram uma greve por insatisfação pela preferência do governo em dar aumento para profissionais da segurança pública.
O presidente retornou de férias hoje, dois dias após o Congresso aprovar o Orçamento para 2022 com R$ 1,9 bilhão de aumento para policiais federais.
A live foi ao lado do deputado Vitor Hugo que em certo momento comentou a decisão do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), de aderir ao regime de recuperação fiscal e de destinar recursos para a realização de concursos públicos e para conceder aumentos a categorias quando foi interrompido por Bolsonaro.
"Ele especificou alguém para o aumento?", perguntou o presidente, recebendo como resposta uma negativa do deputado.
"Olha, o governo federal também não especificou categoria nenhuma", disse, sobre o valor destinado ao reajuste a servidores.
"Já digo, não tem nada definido", ressaltou. Na sequência, Bolsonaro passou a defender a atuação das polícias. "Mas está aqui, Polícia Rodoviária Federal. Tem batido recorde de apreensão de drogas", disse. "Também a polícia penal nossa tem um trabalho enorme, e tem seu salário que está lá embaixo."
Bolsonaro negou que os R$ 2 bilhões sejam para reajuste no salário de policiais. "Não quer dizer que vamos atender essa ou aquela categoria. Estão reservados R$ 2 bilhões, vamos ver o que vai ser feito lá na frente."
Ele defendeu que todos os servidores, que estão com salário congelado desde 2017, merecem aumento.
Leia Também
"Dá para fazer? Dá para fazer. Sabemos das dificuldades, inflação está alta, 10%. Mas a gente vê o que pode fazer, dentro da responsabilidade.
"Todos merecem? Todos merecem", continuou. "Se a gente for dar um [aumento] linear para todo mundo, vai dar 0,6% de reajuste para todo mundo, desses R$ 2 bilhões. Agora, se houver oportunidade, [a gente] conversa sobre isso. A gente não quer cometer excessos, injustiça para mais nem para menos."
O presidente também valorizou a categoria, apesar de ter preferido os policiais no Orçamento. "É uma categoria realmente que em grande parte ou quase todos levam o Brasil ao seu destino em suas políticas."
Receita aprova paralisação
Na maior assembleia desde 2016, os auditores-fiscais aprovaram a paralisação de todos os projetos nacionais e regionais do Plano Operacional, em mobilização da categoria que protesta por cortes no orçamento da Receita Federal em 2022 e pela falta de regulamentação do bônus de produtividade.
Pelo menos 635 auditores-fiscais abriram mão de cargos de chefia ou com gratificação como parte do movimento de protesto pelos cortes no orçamento da Receita Federal em 2022 e pela falta de regulamentação do bônus de produtividade da categoria, que chega a R$ 3 mil.
Outras ações aprovadas foram a continuidade do movimento de entrega de cargos de chefia, que não serão ocupados por outros servidores do Fisco, e a realização de operação padrão nas aduanas, com exceções para alguns tipos de cargas e sem afetar o trânsito de quem está em viagem internacional.
De acordo com o Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco), todos os indicativos apresentados na assembleia foram aprovados por mais de 97% dos 4.287 participantes.