Para Roberto Campos Neto, capacidade do país crescer é mais fundamental para a sustentabilidade fiscal do que os
José Cruz/Agência Brasil
Para Roberto Campos Neto, capacidade do país crescer é mais fundamental para a sustentabilidade fiscal do que os "ruídos de curto prazo" que aparecem

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (13) que a capacidade do país crescer é mais fundamental para a sustentabilidade fiscal do que os “ruídos de curto prazo” que aparecem. Campos Neto participou de um evento do Tribunal de Contas da União (TCU).

Na primeira fala sobre situação fiscal e política monetária após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar os juros para 9,25%, Campos Neto ressaltou que há um questionamento dos agentes econômicos sobre a capacidade do país crescer estruturalmente.

Para o presidente do BC, a questão é mais sobre as dúvidas sobre o crescimento do país do que essas discussões.

"Um pedaço sim está associado aos ruídos do curto prazo e a esse entendimento que você cria um gasto mais permanente, que precisa identificar fonte, mas tem uma questão que é mais fundamental. Existe um questionamento agora em relação a qual a capacidade do país de crescer e se o país não crescer, posso ter grandes esforços, grandes medidas paliativas de curto prazo, mas eu não vou conseguir atingir a sustentabilidade fiscal", explicou.

Com queda na atividade nos últimos dois trimestres, o país entrou em recessão técnica, e as expectativas de mercado para 2022 vem piorando. A atual projeção mostrada pelo Focus é de crescimento de 0,5% no próximo ano.

Campos Neto questionou porque os números fiscais positivos dos últimos meses não foram refletidos nas expectativas dos agentes econômicos, mas sim os "desarranjos" fiscais. Em seguida, colocou esse fator de crescimento como mais importante.

Nos últimos tempos, a discussão sobre a PEC dos Precatórios e as mudanças promovidas pelo governo e pelo Congresso para abrir espaço para gastos em 2022 causou inseguranças no mercado, que revisou suas expectativas de inflação e crescimento.

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"A grande fragilidade fiscal do momento não está relacionada aos movimentos de curto prazo de melhora, mas está relacionada a qual é a capacidade do Brasil crescer", disse.

Utilizando os números da relação dívida/PIB, Campos Neto argumentou que o resultado atual é melhor do que o esperado no ano passado, mas se o crescimento for baixo, a trajetória da dívida “explode”.

"Quando coloco um crescimento mais baixo e uma taxa de juros mais alta, a trajetória fiscal da dívida explode", disse.

Inflação

Ao mostrar um gráfico em que a inflação brasileira está apenas abaixo da turca no mundo, o presidente do BC também ressaltou que a inflação, que já supera os 10%, foi influenciada por um choque muito grande nos preços de energia, acima da média de outros países do mundo.

"Se a inflação de energia tivesse sido a média dos outros países, nossa inflação teria sido muito perto da média dos outros países", disse.

Campos Neto ressaltou que a inflação é o “imposto mais maligno” e que o BC está agindo para evitar que os preços altos continuem.

"É importante agir, agir de forma rápida, consistente de forma transparente, para que a gente consiga abortar o processo de dasnaronagem. É isso que o Banco Central tem tentado fazer", ressaltou.

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