Os venezuelanos refugiados no Brasil que deixaram a Operação Acolhida, em Roraima, e participaram da estratégia de interiorização têm maior acesso ao mercado de trabalho e à educação, aponta pesquisa inédita realizada pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), ONU Mulheres e Fundo de População da ONU (UNFPA).
Para se ter ideia, a renda média da população venezuelana interiorizada e ocupada acima de 18 anos de idade é de R$ 1.325,20, acima até do salário mínimo nacional (R$ 1.100). Já a renda em Roraima da população que segue abrigada é de R$ 594,70.
A renda segue abaixo da média de rendimento do brasileiro, que é de R$ 2.433.
As desigualdades, no entanto, se mostraram fatores estruturais. Quando o assunto é gênero, por exemplo, mulheres interiorizadas têm maior taxa de desocupação que os homens, além de receberem menos, especialmente mulheres negras.
Entre as mulheres interiorizadas, a renda média é de R$ 1.043,30. Neste grupo, a diferença por raça e cor revela uma maior disparidade entre homens brancos (que têm uma renda média de R$ 1.591,80) e mulheres negras (com renda média de R$ 1.041,60).
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Desde que foi lançada, em abril de 2018, a interiorização já transferiu cerca de 60 mil pessoas para mais de 730 municípios brasileiros nos 26 estados brasileiros e Distrito Federal. Destes, 96,2% pretende permanecer no Brasil.
Entre os que permanecem em Roraima, a ideia de ficar no Brasil é comum a 98,8%.
A pesquisa "Limites e desafios à integração local de refugiadas, refugiados e pessoas migrantes da Venezuela interiorizadas durante a pandemia de Covid-19", foi divulgada na quarta-feira (8).
A pesquisa foi executada pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (CEDEPLAR) da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), pelo IPEAD (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais), com apoio da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG).