As vendas do comércio varejista recuaram 1,3% em setembro, na comparação com agosto, de acordo com dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) divulgados nesta quinta-feira. É uma retração menor do que a registrada no mês passado, quando o setor tombou 4,3%, mas ainda reflete as incertezas diante do cenário macroeconômico desafiador.
Analistas ouvidos pela Reuters projetavam recuo de 0,6% no mês. Com o resultado, o setor acumula alta de 3,9% em 12 meses.
"Esse segundo mês de queda vem com intensidade razoável, mas em menor amplitude que agosto. (...) Desde fevereiro de 2020, o setor vive muita volatilidade", analisa o gerente da PMC, Cristiano Santos.
O comércio tem buscado driblar uma série de desafios durante a reabertura econômica. Enquanto o setor lida com a alta do dólar e entraves logísticos, a inflação ao consumidor acelera e já chega a 10,65% em 12 meses.
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Com o aumento nos preços de itens básicos como alimentos e energia pressionando o orçamento das famílias, o ímpeto do consumo vem sendo reduzido. E, na tentativa de conter a inflação, o Banco Central tem subido a taxa de juros básica, a Selic, o que encarece o crédito aos consumidores.
Perspectivas
Especialistas avaliam que o avanço da vacinação tende a reduzir as restrições à mobilidade e aumentar a confiança dos consumidores. Por outro lado, o desemprego elevado e a escalada da inflação desafiam a resiliência do comércio.
Índice de Confiança do Comércio (ICOM), do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, subiu 0,1 ponto em outubro, ficando em 94,2 pontos, o que indica estabilidade.
"A confiança do comércio acomodou em outubro. (...) O cenário para o setor ainda se mostra desafiador com a confiança do consumidor em patamar muito baixo, incerteza elevada, avanço da inflação e recuperação lenta do mercado de trabalho”, disse Rodolpho Tobler, coordenador da pesquisa, em comentário durante divulgação do relatório.