O relator da Medida Provisória (MP) do Auxílio Brasil
na Câmara dos Deputados, Marcelo Aro, criticou o silêncio "assustador" do Ministério da Economia em relação ao tema. Segundo ele, a equipe do ministro Paulo Guedes está perdida e não sabe o que fazer com o novo programa social.
Aro afirma estar animado para finalizar o texto e apresentar para o presidente da Câmara, Arthur Lira, mas não recebe um telefonema da Economia desde semana passada. Ele também criticou a lentidão da pasta para enviar dados orçamentários para que ele possa estudar a possibilidade de um benefício permanente. O projeto atual prevê pagamentos só até dezembro de 2022.
"O Ministério da Economia está em silêncio. Eu não recebi um único telefonema do Ministério da Economia desde sexta-feira", disse o deputado em entrevista à Reuters nesta terça-feira (26).
"É, assim, algo incrível, é assustador, a palavra é essa: é assustador o silêncio do Ministério da Economia em relação a isso", afirmou. "Eu digo mais, eu não acho que eles não estejam se comunicando por má fé, não. É porque nem eles sabem o que eles vão fazer. Acho que eles estão completamente perdidos. Estão tentando achar uma solução para o problema, é isso que está acontecendo".
Temporário ou permanente
Com informações em falta, Aro diz ter dois caminhos: centrar-se nos conceitos e questões programáticas da criação do programa social permanente, ou buscar uma saída responsável do ponto de vista fiscal. Esse último caso depende de dados que só a Economia possui, mas não forneceu para o relator.
"Provavelmente não, não posso afirmar com certeza, dependo das minhas próximas conversas com o Ministério da Cidadania e o Ministério da Economia", disse, questionado se o parecer definirá um valor para o auxílio.
"Mas o que estou fazendo para me blindar: enquanto eu não sei números, vou ficar na discussão do mérito. E se até o dia de eu apresentar meu relatório o governo não vier com uma solução saudável orçamentária, ficarei tão somente com a discussão do mérito e deixo eles darem as respostas orçamentárias."
Leia Também
O parlamentar também rechaçou alternativas fora do teto ou que tratem de medidas de curto prazo.
"Auxílio temporário não é política de Estado, é política de governo. Programa de assistência social tem que ser política de Estado. É política de médio e longo prazo", defendeu à Reuters.
Eleitoreiro
Aro diz que o programa se tornou "a cara" do seu mandato e que acredita no programa social. No entanto, a falta de planejamento faz parecer que ele visa as eleições.
"Acredito que o programa Auxílio Brasil é um excelente programa social, eu acredito nesse programa. Tenho estudado muito, essa pauta se tornou cara ao meu mandato", afirmou o relator da MP.
"Agora, no debate orçamentário, quando eles jogam 50 bilhões de reais de auxílio temporário, aí é eleitoreiro. Aí eles estão pensando na eleição de 2022 e brincando com aqueles mais necessitados."
A MP precisa ser votada até 7 de dezembro, senão perde a validade.