A maior aquisição da história do Magazine Luiza foi aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Em julho, a varejista comprou o Kabum, e-commerce de produtos de informática e do universo gamer, por mais de R$ 1 bilhão. De acordo com o órgão federal que regula fusões e aquisições, a compra não deve gerar efeitos negativos no mercado e, por isso, recebeu aval sem restrições.
O Magazine Luiza comprou o Kabum por R$ 1 bilhão à vista, além de transferir 75 milhões de ações ordinárias da varejista na bolsa (MGLU3) para os acionistas do e-commerce, ao longo de um ano e meio. Uma terceira etapa da aquisição envolve o pagamento de mais 50 milhões de papéis da empresa até 2024. O valor total, portanto, seria de R$ 3,4 bilhões.
Compra do Kabum tem baixas chances de impacto negativo
O documento que avalia a compra reforça a visão do Cade de que a operação tem baixa probabilidade de gerar um impacto negativo "ao ambiente concorrencial envolvendo o varejo online de produtos".
Ao Cade, Magalu e Kabum afirmam que a aquisição seria benéfica por expandir o portfólio de produtos vendidos nos marketplaces das empresas. A varejista de Franca, do interior de São Paulo, contou ao órgão que a compra serviria como uma entrada em uma nova categoria: seus clientes teriam acesso a produtos de alta tecnologia, como computadores e periféricos gamer, além de monitores de alta resolução.
Para o Kabum, a aquisição representa uma "nova fase", já que contaria com a malha logística do Magalu para entregas, o que levaria a uma queda do frete, notório entre os clientes do e-commerce de informática.
Operações de Kabum e Magalu se complementam, diz Cade
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O Cade ponderou que, apesar de não apresentar irregularidades na maioria dos cenários projetados pelo conselho, a compra do Kabum pelo Magalu poderia lesar competidores quando se trata da venda direta de produtos eletrônicos e de informática no e-commerce.
Contudo, o órgão dispensou a probabilidade disto ocorrer, porque o Kabum vende produtos de tecnologia com "maior valor médio" que a sua compradora — pelo perfil de atuação, o Magalu não seria seu concorrente direto, o que atesta a uma relação de "caráter complementar".
Para avaliar o impacto da operação no ramo de marketplace — responsável por mais de 50% das vendas totais do e-commerce em 2020, segundo o Cade —, o conselho chamou as principais concorrentes do Magalu para opinarem sobre a compra: Americanas, Via (antiga Via Varejo), Mercado Livre e Amazon. A avaliação do órgão é de que a aquisição do e-commerce de informática deve haver uma pressão competitiva no setor 3P, que tem entre os maiores players a Amazon, Mercado Livre, Via e Americanas.
Kabum faturou acima de R$ 75 milhões em 2020
A compra da Kabum já foi aprovada pelo conselho do Magazine Luiza em julho. A empresa havia sinalizado ao Tecnoblog que estava confiante quanto à permissão do Cade. Agora, o órgão deve avaliar outros aspectos da aquisição na chamada pós-operação, rito comum para continuar a analisar os impactos no mercado.
O Magalu viu valor na rentabilidade e na eficiência operacional da Kabum ao adquirir a companhia. As vendas do e-commerce de informática mais do que dobraram no período de pandemia: um aumento de 128% em 2020, ano em que a empresa registrou faturamento acima de R$ 75 milhões.
Nos primeiros meses de 2021, compras no site continuaram em alta, e a empresa fechou os primeiros semestre com crescimento de 61% em vendas. Em comunicado ao mercado, o CEO do Magalu, Frederico Trajano, afirmou que esse tipo de rentabilidade não é comum no varejo eletrônico. “Isso mostra que a empresa é muito alinhada com a filosofia do Magalu, que também apresenta crescimento acelerado com resultados sustentáveis”, disse o executivo, em julho.
A compra do Kabum foi a 22ª aquisição feita pelo Magalu em um ano e meio. O Kabum deve, segundo a varejista, operar em conjunto com o canal Jovem Nerd, adquirido em abril, e com o site Canaltech, comprado em agosto de 2020.