A oposição ao governo de Sebastián Piñera, presidente do Chile, vai pedir o seu impeachment após a investigação do Pandora Papers, do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), ter comprovado que ele abriu em 2010 duas empresas offshore no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britãnicas, informa a agência AFP.
O presidente Piñera usou "o cargo para negócios pessoais", afirmou o deputado Tomás Hirsch ao apresentar a acusação na Câmara dos Deputados.
O Ministério Público chileno anunciou na sexta-feira a abertura de uma investigação criminal sobre o presidente Sebastián Piñera e seus negócios envolvendo a venda da mineradora Dominga, um dos casos sobre empresas em paraísos fiscais divulgado na investigação.
Segundo a revista Forbes, Piñera acumula com a família 2,9 bilhões de dólares (15,75 bilhões de reais), a quarta maior fortuna do Chile. As empresas estão nos nomes dos filhos.
O mandatário está na mira da Justiça após vir à tona que a parcela final do pagamento que sua família receberia pela venda da mineradora estava condicionada à não criação de uma área de preservação ambiental.
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O líder chileno foi um dos três mandatários latino-americanos, junto com o equatoriano Guillermo Lasso e o dominicano Luis Abinader, a serem mencionados nos documentos que vieram à tona no domingo. No caso de Piñera, o momento é particularmente ruim, já que sua coalizão de direita, que tenta eleger seu sucessor, está em segundo lugar nas intenções de voto para as eleições presidenciais de 21 de novembro.
Brasil
No Brasil, os documentos incluíram os nomes do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto . Por aqui, entretanto, as investigações contra ambos os políticos foram arquivadas pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A abertura de uma offshore ou mesmo de contas fora do país não é ilegal no Brasil, desde que os recursos sejam declarados à Receita Federal. No Equador, a prática também é regular, com exceção para políticos e funcionários públicos. Segundo o Pandora Papers, Guilherme Lasso chegou a controlar 14 offshores, a maioria com sede no Panamá. Ele as fechou depois que o ex-presidente Rafael Correa aprovou uma lei, em 2017, que proibia que candidatos presidenciais tivessem empresas em paraísos fiscais.