Em São Paulo, 25% dos motoristas desistiu de rodar
Fernanda Capelli
Em São Paulo, 25% dos motoristas desistiu de rodar

Os motoristas de aplicativos como Uber e 99 vêm se queixando da diminuição da margem de lucro, muito por conta da disparada no preço dos combustíveis. Atualmente, os trabalhadores chegam a gastar mais da metade (53%) do faturamento só para abastecer. Em 2017, essa proporção era de 20%. 

Só em 2021 os combustíveis veiculares aumentaram o preço em 32%. No início do ano o preço médio do litro da gasolina era de R$ 4,57, mas hoje é de R$ 6,09 e chega a R$ 7,16 em alguns locais do país, segundo a ANP (Associação Nacional de Petróleo). Já o etanol começou o ano custando R$ 3,17 e hoje sai por R$ 4,73.

Para amenizar, as companhias aumentaram a parcela repassada aos motoristas há um mês. O reajuste é de 10% a 25% na 99 e de 10% a 35% na Uber, dependendo da demanda, do local e do horário da corrida.

Mesmo assim, o presidente da Associação de Motoristas de Aplicativos de São Paulo, Eduardo Lima de Souza, afirma que 25% dos motoristas de aplicativo deixaram de trabalhar para as plataformas desde o início da pandemia.

“O aumentou foi insatisfatório. Alguns motoristas nem sentiram a diferença. A categoria continua na mesma”, afirmou ao site Poder 360. 

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Motoristas de apps já são 31% do setor de transporte

Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontam que o Brasil conta com 1,4 milhão de pessoas trabalhando em transporte de passageiros ou mercadorias por aplicativo. O número é duas vezes maior que o de enfermeiros, por exemplo, que somam 630.062 segundo o Cofen (Conselho Federal de Enfermagem). 

Em 2016, o número de pessoas trabalhando em aplicativo era de 840 mil, ou seja, cresceu 66,7% em 5 anos e já alcança 31% do total de 4,4 milhões trabalhando com transporte e armazenagem no país.

“Por conta da pandemia de Covid-19, houve redução ao longo de 2020, mas o número logo se estabilizou nos dois primeiros trimestres de 2021 em 1,1 milhão de pessoas ocupadas em transporte de passageiros no regime de conta própria, valor 37% superior ao do início da série, em 2016”, informou o Ipea.

Trabalhando com entregas de mercadoria o crescimento é ainda mais expressivo. Em 2016 eram 31 mil, agora são 278 mil, salto de 926%. 

“Com a ascensão das plataformas de aplicativos para entregas de mercadorias ou transporte de passageiros e o consequente avanço tecnológico que facilita mais contratações de curto prazo, é possível perceber que a quantidade de pessoas com empregos não tradicionais (como autônomos e trabalhadores temporários) teve um crescimento exponencial nos últimos anos”, afirmou o Ipea.

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