O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse nesta quarta-feira (22) que o desempenho da economia brasileira tem sido melhor do que o esperado em razão da resposta "enérgica" das autoridades à crise provocada pela Covid-19, mas cita a necessidade de "esforços políticos" para que o país retome o crescimento sustentado e drible desafios como o desemprego elevado e a inflação.
Em relatório, o órgão estima que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresça 5,3% em 2021. Para 2022 e 2023, as projeções são de 1,9% e 2,0%, respectivamente.
Segundo o documento, o PIB brasileiro recuperou o nível pré-pandemia e o ímpeto continua favorável com base nos preços de troca - dado o balanço positivo entre exportações e importações - e o crescimento do crédito ao setor privado.
O órgão lamentou a morte dos mais de 550 mil brasileiros pela pandemia, mas destacou que a aplicação ds medidas restritivas após a segunda onda no início do ano e o avanço da vacinação têm ajudado a reduzir as infecções desde abril, com o número de mortes caindo significativamente.
Com a expectativa de que a população adulta esteja amplamente vacinada em breve, é esperado um dinamismo maior da economia.
"Um mercado de trabalho em melhoria e altos níveis de poupança das famílias apoiarão o consumo e, à medida que a vacinação continua, a demanda reprimida por serviços retornará. Os estoques serão recompostos e a alta nos preços das commodities apoiará novos investimentos", disse o órgão.
Além disso, o FMI prevê que a inflação desacelere até o final do ano que vem, ficando próxima de 3,50% - ponto médio do intervalo da meta de inflação para o ano, que pode variar de 2,00% a 5,00% segundo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Também é esperado que a dívida pública caia para 92% em 2021, permanecendo em torno desse ível no médio prazo. "Os riscos para o crescimento são vistos como amplamente equilibrados. Os principais desafios permanecem", diz o órgão.
Segundo a nota do FMI, há dois pontos de atenção. Um deles é a depreciação do real e o aumento nos preços das commodities, que "alimentaram a inflação e as expectativas de inflação". O outro é o desemprego. O órgão destaca que o mercado está atrasado em relação à recuperação da produção e a taxa é elevada, principalmente entre jovens, mulheres e negros.
"As transferências emergenciais de dinheiro acabarão expirando e, na ausência de um fortalecimento permanente da rede de proteção social, a pobreza e a desigualdade podem se agravar", ressalta.
Embora avalie que os riscos fiscais sejam baixos de curto prazo, o alto nível da dívida pública permanece como um risco de médio prazo.
"Restaurar um crescimento elevado e sustentado, aumentar o emprego, aumentar a produtividade, melhorar os padrões de vida e reduzir as vulnerabilidades exigirá esforços políticos para eliminar gargalos e fomentar o investimento liderado pelo setor privado", salienta o FMI.