O ministro da economia Paulo Guedes disse nesta quinta-feira (15) que a pandemia do novo coronavírus ensinou uma lição primordial: que os recursos do Orçamento não podem estar "carimbados", ou seja, ter destinação especificada previamente.
"Estamos devendo isso para a população e temos como fazer isso", afirmou Guedes, durante o painel 'Sem tempo a perder: debate sobre a urgência de transformar o Brasil e o papel das instituições e do Estado', realizado durante o evento virtual 'Diálogos para um melhor Estado', do Movimento Pessoas à Frente, criado pela Fundação Lemann, Instituto Humanize e República.org.
O ministro afirmou ainda que a sua gestão foi a que mais repassou recursos a Estados e municípios, sendo r$ 150 bilhões só durante a pandemia.
Ele ressaltou, no entanto, que 96% do dinheiro que os chefes do Executivo recebem já vem com destino marcado. "Isso não é correto, isso é errado. Na margem, a decisão tem que ser feita a cada vez. Essa decisão é incontornável e foi grande decisão da pandemia, a do poder político decidir sobre orçamento", comentou.
Crise entre os poderes
Guedes pediu ainda para que a crise gerada após os eventos do Sete de Setembro seja superada "independente das afinidades". "Nossos supremos poderes precisam conversar. Principalmente quando a decisão de um afeta o outro", afirmou, se referindo às decisões judiciais que determinam o pagamento de valores pelo Executivo. "Executivo está tentando fazer seu trabalho com respeito e União".
O ministro também tentou amenizar o clima e lembrou da "Declaração à Nação" em que o presidente Jair Bolsonaro recua. O evento também contou com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, como participante.
"Presidente mostrou em sua carta à nação que podemos ter arroubos, mas todos temos que jogar dentro das linhas", afirmou Guedes.