Palácio do Planalto pressiona Guedes e seu ministério a entregarem resultados práticos, de olho nas eleições de 2022
Edu Andrade/ME
Palácio do Planalto pressiona Guedes e seu ministério a entregarem resultados práticos, de olho nas eleições de 2022

O descasamento entre a agenda liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes, e o plano de reeleição do presidente Jair Bolsonaro ficou evidente na reunião de ministros do governo na última quarta-feira (8). Durante o encontro no Palácio do Planalto, segundo o relato de participantes, Bolsonaro disse que não era hora de pensar em biografias individuais, mas sim de encontrar soluções para a economia e, em suas palavras, não deixar o PT voltar ao poder.

O recado foi visto como uma crítica a Guedes — que está sob pressão para viabilizar o  novo Bolsa Família e, ao mesmo tempo, entregar as reformas estruturantes esperadas pelo mercado.

Na reunião com os seus ministros, Bolsonaro alegou que também seria necessário resolver o problema do preço do gás e do combustível, que estão altos e aumentando o nível de insatisfação dos brasileiros. Segundo integrantes do governo, o presidente espera que Guedes consiga resolver esse impasse e encontre uma forma de melhorar os “resultados econômicos” para pavimentar o caminho para a campanha de Bolsonaro em 2022.

No entanto, essa pressão política sobre o ministro da Economia é vista pelo mercado como risco de elevar os gastos e piorar o quadro fiscal. Apesar de fazer acenos públicos de apoio ao ministro da Economia, Bolsonaro nunca escondeu a sua resistência a projetos da agenda liberal, defendida por Guedes.

Além da cobrança do presidente, o ministro da Economia vem sofrendo a pressão de seus colegas de governo — que, de olho nas eleições em 2022 em seus estados, defendem a flexibilização do teto de gastos. Um deles é Onyx Lorenzoni, responsável pela nova pasta da Previdência e Trabalho.

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Durante a reunião de ministros, Onyx disse que, em outubro do ano passado, já tinha avisado a Guedes da necessidade de se criar um novo auxílio emergencial de R$ 600, ou, no mínimo, R$ 400, para aquecer a economia. Contrário à proposta, o chefe da equipe econômica questionou por que Onyx não criou o programa assistencialista, já que, à época, ele estava à frente da Cidadania.

Apesar das cobranças, o sucesso do governo Bolsonaro está associado ao desempenho de Guedes na Economia. Em um momento de isolamento político, o presidente reconheceu a interlocutores que precisa do apoio de empresários e agentes do mercado financeiro, núcleo no qual sua popularidade vem minguando.

Assim, a cobrança a Guedes por resultado seria uma forma de, com a ajuda do ministro, retomar o apoio dos agentes econômicos, que está claudicante com a piora dos resultados.

Além disso, segundo pessoas próximas de Bolsonaro, o ministro da Economia tem assumido o papel de “guardião liberal” do governo, que impede que os fundamentos econômicos, sobretudo os fiscais, se esvaiam em meio à agenda política.

Essa função, junto com a disposição de Guedes de fazer reformas “até o último dia”, seria a garantia da presença do Posto Ipiranga de Bolsonaro na Esplanada. Procurado, o Ministério da Economia disse que não comentaria esse tema.

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