Ex-secretário do Tesouro diz que Economia caminha para
Geraldo Magela/Agência Senado
Ex-secretário do Tesouro diz que Economia caminha para "pibinho" em 2022

As ações do Banco Central para controlar o câmbio e o pagamento da dívida não serão suficientes para garantir a recuperação econômica enquanto a equipe econômica do governo continuar enviando ao mercado sinais de estouro do teto de gastos e desequilíbrio fiscal. Para o ex-secretário do Tesouro Carlos Kawall, atual diretor da gestora Asa Investments, tudo que está sendo feito neste momento "é para contratar um pibinho para 2022".

Durante o evento Expert XP, Kawall disse que dada a situação de aperto financeiro que o país vive atualmente, o Produto Interno Bruto (PIB) para o ano que vem já começa a sinalizar um crescimento abaixo de 2%, "talvez entre 1% e 1,5%".

"Não há muito o que fazer quando se tem sinais do governo de que quer fazer puxadinhos no teto de gastos. A equipe da dívida faz o melhor que pode, mas se a discussão da eleição presidencial for na linha de erosão da questão fiscal e do fim do teto de gastos, aí a gente vai ter uma situação muito negativa. Tudo que está sendo feito agora é para contratar um pibinho para 2022", disse.

Para Kawall, o governo foi "infeliz" na elaboração da reforma tributária, que segundo ele está gerando mais distorções e maior gasto público, e na proposta de emenda à Constituição (PEC) dos precatórios, que "foi um erro de avaliação".

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O economista acredita que a incerteza fiscal gerada pela tentativa do governo de ampliar os gastos para o ano que vem sem que haja espaço no Orçamento para isso tem prejudicado a política monetária. O governo tem tentado encontrar formas de ampliar o Bolsa Família, e uma das propostas da equipe econômica para isso foi parcelar o pagamento dos precatórios, isto é, das dívidas judiciais da União.

As pressões inflacionárias, que já crescem com os problemas na oferta de bens industriais e com o aumento da demanda, ganham ainda mais força com a alta do dólar, que deixa muitos produtos ainda mais caros, como é o caso das commodities. Somado a isso ainda há os choques com o aumento da energia elétrica em função da falta de chuvas.

"Está tudo dando errado ao mesmo tempo. O câmbio havia caído e poderia estar ajudando o processo inflacionário. Mas todas essas incertezas fiscais impactaram no dólar, que subiu novamente. Se o fiscal não ajuda, a política monetária fica com menos opções."

Kawall estima que a taxa Selic encerre o ano no patamar de 8%, com o Banco Central tentando conter a inflação. No final de 2022, se houver uma melhora no cenário econômico, pode ser que a taxa retorne para o patamar de 6,5%.

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