Iniciativa trabalha para acelerar a vacinação no país, apontada por líderes empresariais como caminho para a retomada
Sophia Bernardes
Iniciativa trabalha para acelerar a vacinação no país, apontada por líderes empresariais como caminho para a retomada

A Vale passa a integrar o Unidos pela Vacina, movimento liderado por Luiza Trajano, à frente do Grupo Mulheres do Brasil (GMB) e presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza. O anúncio foi feito em live fechada realizada pelo GMB na noite desta terça-feira. Lançada em fevereiro com o objetivo de ajudar a acelerar a vacinação contra Covid-19 no país e perseguindo a meta de ter 75% dos maiores de 18 anos vacinados até setembro, a iniciativa já levantou o equivalente a mais de R$ 40 milhões em doações de insumos e serviços a municípios de todo o país.

"Fizemos um mapa completo de 5.570 municípios do país, que apontou que pouco mais de quatro mil deles precisavam de algo para realizar a vacinação. Temos 3.361 municípios ‘amadrinhados’ (adotados por empresas), e faltam 551. Já recebemos mais de R$ 40 milhões. E estamos precisando cuidar de mais esses 551 municípios. Com R$ 2,5 milhões terminamos isso. É uma estrutura de grande empresa, num esforço da sociedade civil. Fizemos diferença", afirmou Luiza Trajano.

O encontro, que reuniu perto de 200 participantes virtualmente, contou com a participação Eduardo Bartolomeo, CEP da Vale; Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza; Janete Vaz, presidente do Conselho de Administração do Grupo Sabin, e Leonardo Framil, CEO da Accenture para o Brasil e a América Latina. A vacinação, afirmaram eles, é o único caminho para a retomada da economia do país.

Nenhum deles fez comentários sobre a crise política e institucional no país, apesar de diversos empresários que acompanharam a live, como Luiza e Frederico Trajano e Chieko Aoki, da rede Blue Tree de hotéis; serem signatários do manifesto divulgado na última semana em apoio ao processo eleitoral no país.

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Reprodução/Instagram

Luiza Trajano tomou a segunda dose em uma rede de farmácias em São Paulo (SP)

"Não existe nenhuma opção para a economia que não seja pela vacina. Nos EUA, em NY, por exemplo, eles estão com uma cobertura muito alta, a economia está retomando. A taxa de letalidade (por Covid-19) de quem tem vacina é baixíssima, quase zero. Tenho 150% de certeza de que a vacina é a única saída para esta crise", frisou Bartolomeo.

Ao comentar a adesão ao UPV, o executivo destacou que é preciso criar parcerias para resolver desafios como o da insegurança alimentar:

"É o que precisamos fazer: capilarisar e atingir todo mundo. A gente está entrando numa fase de insegurança alimentar, querendo ou não, a Vale é uma empresa muito grande e temos de fazer coisas muito grandes. E precisamos de parceiros. A gente doou um milhão de cestas básicas durante seis meses, mas é impossível fazer isso sozinho. Nos unimos com a Cufa, com a Frente Antirracista, com uma série de parceiros, como o Gerando Falcões, que nos ajudaram a fazer isso chegar às pessoas que realmente necessitam. Eu acho que isso não tem volta."

Também Framil, da Accenture, afirmou que a vacinação ajuda na economia, equacionando problemas em diversas áreas no país.

"Cada dia que a gente ganha na vacinação é um dia em que a gente evita que as desigualdades sociais aumentem, ajuda que a evasão escolar diminua. As pessoas estão vendo as notícias o tempo todo, vendo as questões familiares, querem agir", pontuou.

A cultura da doação e da mobilização da sociedade civil, avaliam os empresários, é uma mudança que veio para ficar, tanto para as pessoas quanto para as corporações.

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"Ao ajudar outras empresas, ajudar o país, seu time, você trabalha melhor, com mais intensidade, mesmo diante de todos os desafios. Tive uma lição de minha equipe de como é importante ter um propósito para fazer, além de resultado, lucro. Espero que isso tenha vindo para ficar", disse Frederico Trajano, ponderando que o Magalu vinha investindo em tecnologia há duas décadas, o que foi fundamental para o crescimento da varejista na pandemia.

Desafios e otimismo na retomada

O CEO do Magalu ressaltou ainda que a pandemia veio em paralelo a um movimento mundial crescente em que os grandes investidores cobram das companhias abertas responsabilidade ambiental, social e de governança (ESG, na sigla em inglês). Há ainda pressão em consequência às mudanças climáticas, que já alteram as condições em diversas áreas do planeta. Para ele, a companhia que abraça esses pilares e trabalha com propósito avança também na retenção de talentos.

Para Frederico Trajado, levar tecnologia a empresas de varejo de todo o país é o principal desafio a ser vencido a partir daqui, deixando claro que seguirá impulsionando o crescimento do Magazine LUiza a por meio de parcerias e serviços:

"Há 5,8 milhões de lojistas no Brasil e só cem mil vendem on-line. Tem mais de 5 milhões de empresas que podem se beneficiar de esforços do Magalu em tecnologia e logística."

Os executivos reconhecem que os desafios na economia são grandes, mas enxergam um cenário positivo após a vacinação.

"Tivemos o maior crescimento da nossa história. O desafio é gerar os talentos necessários para encarar o desafio. Infelizmente, não temos a quantidade de talentos em tecnologia que precisamos para poder crescer mais. Vamos ter de tratar desse gargalo, que é também uma oportunidade de inclusão enorme de pessoas que estão fora do mercado. O que as empresas têm feito em tecnologia no Brasil já é referência lá fora, isso sinaliza potencial de crescimento da economia", avalia Framil.

Bartolomeo também pontua obstáculos no cenário atual, mas com “perspectiva para a infraestrutura e a indústria muito positiva”.

"Hoje, o nosso mundo é muito voltado para a China, a gente vive em função do minério de ferro, mercado em que 70% são China. Foi o único país que conseguiu não ter decréscimo de PIB no ano de 2020. São muito fortes e estão cortando produção de aço. É uma realidade até um pouquinho diferente do que a gente podia imaginar. A gente tem enfrentado isso", destacou ele. "A Europa tem voltado forte na siderurgia. Há um problema muito forte na cadeia de semicondutores. Mas também com sinais muito positivos de retomada. E o setor siderúrgico brasileiro muito robusto, inclusive gerando inflação de custo."

A vacinação, continua ele, deve impulsionar ainda o setor de serviços, onde ainda existe uma grande lacuna para a recuperação econômica.

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