Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que 62% dos empresários brasileiros do setor acreditam que haverá racionamento ou restrições de fornecimento de energia este ano.
A entidade constatou que a crise hídrica é preocupação de nove em cada dez líderes empresariais no Brasil. Para 98% dos entrevistados, o setor industrial terá de pagar mais pela energia. E pouco mais da metade aponta esse como um fator que tira competitividade dos negócios.
A CNI ouviu 572 empresas, sendo 145 pequenas, 200 médias e 227 grande porte, no período de 25 de junho a 2 de julho.
Entre os empresários que consideram que as tarifas de energia serão reajustadas, 14% acreditam que o aumento será pequeno, 37% apostam em algo moderado e 47% esperam um reajuste elevado.
Entre os empresários consultados, 22% afirmam que pretendem mudar o horário de funcionamento de suas empresas para reduzir o consumo de energia em horário de pico em resposta à crise hídrica. No entanto, quase dois terços das empresas consideram que implementar essa alteração de horário é difícil ou muito difícil.
"Os empresários não estão preocupados apenas com o aumento do custo de produção. Temem o comprometimento da retomada da economia brasileira e da recuperação da produtividade e das perdas causadas pela pandemia de Covid-19", disse Roberto Wagner Pereira, especialista em energia da CNI.
Para 83% das firmas entrevistadas, o maior temor é a elevação do custo de energia. Outros 63% se dizem preocupados com o risco de racionamento e 61% com a possibilidade de instabilidade ou de interrupções no fornecimento de energia.
Outro dado que chama a atenção na pesquisa é que mais da metade (52%) dos empresários acredita que a crise hídrica reduzirá a competitividade de suas empresas. Segundo os dados, 39% consideram essa situação provável e 13% dizem que a perda de competitividade ocorrerá com certeza.
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Os impactos da crise hídrica sobre o mercado de energia elétrica ocorrem em razão da limitação da geração das usinas hidrelétricas, que representam cerca de 60% da geração no Brasil e são as fontes mais baratas de energia do país. Com baixos reservatórios, elas produzem menos e o país precisa buscar outras fontes de energia.
A alternativa que vem sendo buscada pelo governo para diminuir a dependência das hidrelétricas é o acionamento das termelétricas, cujo custo de geração é mais alto. Outra saída tem sido o aumento da importação de energia de países vizinhos, com destaque para o Uruguai e a Argentina.
"Várias medidas estão sendo tomadas, que vão minimizar o risco de um possível racionamento de energia, mas passamos por uma crise hídrica. Estamos preocupados em como será o regime de chuvas. Tem chovido muito pouco nos últimos cinco anos", enfatizou Pereira.
Escassez de água também preocupa
Parte dos empresários também manifesta preocupação com a possibilidade de racionamento de água (34%), aumento no custo da água (30%) e na instabilidade ou interrupção no fornecimento de água (23%).
De acordo com a pesquisa, as principais medidas que os empresários disseram que adotarão em resposta à crise hídrica são a intensificação de investimentos em ações de eficiência energética (34%) e em autogeração/ geração distribuída de energia (26%).
Os industriais dos setores que consomem mais energia são os que mais acreditam que a crise hídrica afetará a competitividade. Entre as empresas cujo custo de energia representa até 9% do custo total, 46% acreditam que se tornarão menos competitivos com a crise hídrica.
Para aquelas em que o custo fica entre 10% e 19%, 60% consideram que a crise prejudicará a competitividade. Para aqueles em que o custo da energia excede 20%, 68% acreditam que haverá perda de competitividade.