A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) não está nada satisfeita com o planejamento do ministro da Economia Paulo Guedes para bancar o Bolsa Família. O que ele classificou como "meteoro fiscal", são os R$ 90 bilhões que a União deve pagar em ações judiciais em 2022, os chamados precatórios.
“Novamente, o governo federal invoca o montante da dívida da União como obstáculo ao pagamento de suas obrigações constitucionais e ao financiamento de programa social definindo-o como meteoro”, diz a nota da OAB que acusa o ministro de tentar dar "calote" nas pessoas com direito a receber dinheiro da Justiça.
Assinada pelo presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, a nota ainda faz menção a "fins eleitoreiros", referindo-se ao projeto político de reeleição do presidente Jair Bolsonaro.
“A OAB está certa de que qualquer tentativa dessa natureza não encontrará respaldo no Congresso, tampouco subsistirá a um eventual controle de constitucionalidade pelos órgãos do Poder Judiciário, firmemente comprometidos com as bases democráticas”, diz a nota, que é assinada também pelo presidente da Comissão Especial de Precatórios, Eduardo de Souza Gouvea.
A medida ainda está em estudo no governo, mas a ideia seria adiar o pagamento em parcelas que durariam nove anos .
A pressão fiscal vinda dos precatórios ameaça o espaço reservado no Orçamento para a reformulação do Bolsa Família, que deve ser de "pelo menos 50%", segundo Bolsonaro. A saída, no fim, será a defesa de mudanças no próprio teto de gastos, flexibiliza-lo e abrir espaço para o programa social.