Mais de 70% dos acordos de negociações salariais
fechados em fevereiro deste ano tiveram reajuste abaixo da inflação
, de acordo com dados levantados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos ( Dieese
) e divulgados pela Folha de S. Paulo. Dados preliminares mostram que a situação se manteve em março.
Se os reajustes ficam abaixo da inflação, na prática, o salário está encolhendo. Isso porque com a alta nos preços , sobretudo de alimentos, energia elétrica e transportes, o poder de compra do trabalhador fica menor. Em fevereiro, os salários perderam, em média 0,55%.
Somando aos cortes de salários
do ano passado, a renda do trabalhador
brasileiro está bastante prejudicada. Entre abril e dezembro de 2020, 9,8 milhões de empregados participaram do programa de manutenção do emprego, que cortou salários e jornadas, segundo o Ministério da Economia
.
O índice mais utilizado para negociações salariais é o INPC que, nos últimos 12 meses, avançou 6,94%. Já a inflação , medida pelo IPCA , subiu 6,10% no mesmo período. Mesmo o INPC estando acima do IPCA, os acordos não têm conseguido alcançá-lo. Uma análise do Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), estima que 74% dos acordos ficaram abaixo do INPC em fevereiro.
Luís Ribeiro, responsável pelo Sistema de Acompanhamento de Informações Sindicais do Dieese, avalia à Folha que a pandemia de Covid-19
prejudica as negociações dos trabalhadores. "A inflação alta é uma questão, mas com o quadro atual o pessoal está priorizando [nas negociações] outras discussões, como garantia de emprego e as questões sanitárias".