19 milhões de brasileiros sofreram com a fome na pandemia de covid-19 em 2020. No total, 116,8 milhões de pessoas conviveram com algum grau de insegurança alimentar no Brasil nos últimos meses do ano, o que corresponde a 55,2% dos domicílios, segundo dados do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, conduzido pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional).
A pesquisa mostra que a fome no Brasil chegou aos níveis observados em 2004, quando a insegurança alimentar moderada estava em 12% e a grave em 9,5%. Na pesquisa atual, os dados mostram o primeiro quesito em 11,5%, e o segundo em 9%.
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É o pior índice desde então. Em 2004, o país tinha 64,8% da população em segurança alimentar, isto é - com certeza que teria o que comer no dia seguinte. Hoje, este número é de 44,8%.
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Entre os domicílios que receberam o auxílio emergencial, 28% viveram insegurança alimentar grave ou moderada,ou seja - ou seja, passaram fome. 37,6% viveram de forma leve. Já entre os que não receberam, 10,2% passaram por insegurança grave ou moderada, e a maior parte deles, 60,3% viveram em segurança alimentar.
Recortes
A fome atingiu 11,1% das casas chefiadas por mulheres. Quando o domicílio é chefiado por um homem, esse número cai para 7,7%.
Quando a pessoa de referência é negra, a fome está presente em 10,7% das casas, enquanto se ela é branca, 7,5%.
No Norte, 18,1% das famílias passavam fome, enquanto 13,8% no Nordeste. Em comparação com a macrorregião Sul e Sudeste, agrupadas na pesquisa, a fome atingiu 6%. No Centro-Oeste, foram 6,9%. .
A fome alcançou 12% dos domicílios rurais, contra 8,5% na área urbana. Lourdes vive em uma região semi-árida e com pouca disponibilidade de água, dependendo de cisternas. No campo, os domicílios atingidos pela fome dobram de 21,1% para 44,2% quando não há disponibilidade adequada de água para a produção de alimentos.