Desde que a Ford anunciou que deixaria o país, em janeiro , os trabalhadores da montadora enfrentam um período de indefinições de como será a dispensa dos funcionários , qual será a indenização e quantos devem retornar ao trabalho para produção de autopeças de reposição dos veículos em circulação.
Segundo Júlio Bonfim, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari (BA), onde fica uma das unidades da Ford, a montadora está convocando todos os trabalhadores da fábrica para retornarem à atividade e produzirem peças de reposição.
Na última mediação que houve no Tribunal, a previsão da companhia, no entanto, era de que necessitaria de apenas 400 trabalhadores para produção de autopeças.
"A empresa está convocando todos os trabalhadores, aqueles que estão lesionados e afastados e até que já foram demitidos", diz o presidente do sindicato.
Na sua avaliação, o telegrama enviado ao trabalhador informa que se ele não retornar à atividade serão tomadas medidas. "O sindicato sempre cumpre as ordens judiciais: se é para retornar, vamos retornar. Mas não aceitamos que a empresa imponha assédio moral."
Procurada, a Ford informa, por meio de nota, que negocia com os sindicatos de Camaçari (BA) e Taubaté (SP). Desde o anúncio da saída da empresa do País em 11 de janeiro todos os empregados estão com seus contratos ativos, sem alteração em salários e benefícios, diz a companhia.
Assembleia
Na manhã desta terça-feira (16), o sindicato reuniu 3 mil trabalhadores do polo de Camaçari (BA) na porta da Ford para esclarecer o que ocorre em relação a essa convocação.
Ficou decidido que na próxima quinta-feira, em audiência marcada no Tribunal da Justiça do Trabalho da 5ª Região, será encaminhada a demanda para sejam fixados critérios de quantos trabalhadores terão de retornar à atividade e de uma forma mais organizada "Queremos que haja controle desses trabalhadores, até para que eles não fiquem sem fazer nada."
Segundo Bonfim, o critério de retorno ao trabalho é uma das prerrogativas para que as negociações com a montadora, em andamento, continuem. Hoje, sindicato e montadora negociam como será a indenização e a reparação dos demitidos. "Enquanto tiver negociação não pode ter demissão nem assédio moral", diz o sindicalista.