Primeira mulher, negra e africana no maior cargo da Organização Mundial do Comércio . O dia histórico para Ngozi Okonjo-Iweala, 66 anos, na última segunda-feira (15) , deu início a trajetória de desafios que a economista deve ter a frente da OMC.
O primeiro deles parece estar resolvido. O apoio dos Estados Unidos a sua candidatura abriu as portas da organização para a volta da maior economia do mundo ao bloco. Mas manter o multilateralismo em meio a polarização mundial, será um dos obstáculos da nova chefe da organização.
"A expectativa é a mais positiva possível. É a retomada do multilateralismo em acordo. A OMC foi ambiciosa em suas propostas a ponto de serem enviáveis. Ela tem condições para fazer um ótimo mandato", afirma o economista Carlo Barbieri.
Defensora de uma reforma ampla na OMC, Okonjo-Iweala trabalhou no Banco Mundial por 25 anos, ocupando 2° maior cargo da organização, além de ter sido ministra de Finanças da Nigéria em duas oportunidades. A nova diretora-geral da organização tem em seu currículo passagens pela Universidade de Harvard , uma das mais conceituadas do mundo, e liderou um dos programas a Organização Mundial da Saúde de luta contra a Covid-19 .
Na visão de Barbieri, as qualificações da economista nigeriana aumentam as expectativas positivas de sua gestão.
"Ela vem com suporte mundial a favor dela na gestão da organização. Antes, havia uma resistência dos Estados Unidos ver o desenvolvimento de outros países. A Organização Mundial volta a dar valor para OMC", diz.
Benefícios para o Brasil
Okonjo-Iweala substitui Roberto Azevedo, que deixou o cargo em agosto do ano passado para ser vice-presidente da PepsiCo. A nova diretora-geral só assumirá a cadeira na OMC no dia 1° de março, mas já deve começar a atender as demandas dos países.
Barbieri acredita que o Brasil pode se beneficiar com a chegada da nova diretora-geral da Organização Mundial do Comércio. Ela poderá pacificar a relação entre Brasil e Estados Unidos.
"Dar continuidade na presença dele que foi sempre relevante e utilizar os Estados Unidos como plataforma de assuntos que o interessa. Cabe sempre buscar a internacionalização, para evitar que qualquer limitação, seja por ação ou omissão do Brasil, nós percamos espaço no comércio mundial", ressalta.
O especialista afirma que a relação entre Joe Biden e Jair Bolsonaro não deve atrapalhar os planos dos brasileiros na organização. De acordo com Barbieri, a pacificação entre os dois países está cada vez mais evidente.
“As posturas do Bolsonaro antes e depois da eleição do Biden deve ser águas passadas. Os Estados Unidos estão acenando para entrar em acordos com o Brasil. Nós temos muitos mais do que fazer do que os EUA, vai depender da habilidade de negociação do governo brasileiro em desenvolver os acordos em conjunto”, complementa.