Região atingida pelo rompimento da barragem de Brumadinho – MG
Foto: Isac Nóbrega/PR
Região atingida pelo rompimento da barragem de Brumadinho – MG

O governo de Minas Gerais e a Vale assinaram, na manhã desta quinta-feira (4), um acordo para reparar os danos provocados pela  tragédia de Brumadinho , que ocorreu há dois anos. Depois de quatro meses de negociação, a empresa vai pagar R$ 37,68 bilhões, valor que, segundo o Executivo estadual, é o maior acordo já realizado na história do Brasil. Inicialmente, o governo havia pedido R$ 55 bilhões.

A audiência começou às 9 horas, no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), em Belo Horizonte. Atingidos pela tragédia protestaram em frente ao tribunal.

A tragédia matou 270 pessoas no dia 25 de janeiro de 2019. Onze corpos ainda não foram encontrados. Além das mortes, o rompimento da barragem B1  provocou danos ambientais que inviabilizaram o uso da água de parte do  rio Paraopeba.

O dinheiro pago pela Vale será usado pelo governo para investimentos em infraestrutura, como:

  • Novo Anel viário
  • Investimento em hospitais regionais
  • Obras para garantir segurança hídrica da região metropolitana
  • Saneamento básico nos municípios da bacia do rio Paraopeba
  • Reforma do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, em Belo Horizonte
  • R$ 1 bilhão reservado para estradas
  • Auxílio emergencial para 110 mil pessoas, durante quatro anos

A queda de braço sobre a reparação aconteceu em cinco audiências. A última delas foi em janeiro, quando o secretário-geral do governo, Mateus Simões, chegou a dizer que se a Vale não apresentasse uma proposta até o dia 29 de janeiro – quatro dias depois de a tragédia completar dois anos – seria considerada  “inimiga dos mineiros” .

A mineradora ganhou ainda mais 15 dias de prazo, que terminaria em 13 de fevereiro. Porém, o procurador-geral do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Jarbas Soares Júnior, adiantou nesta quarta (3), em suas redes sociais, que o acordo seria assinado antes disso. “O maior acordo da história se dá em 2 ações do MPMG e 1 do estado, e não incluem as ações penais, os danos desconhecidos e os direitos individuais. Respeito aos atingidos e ao povo de MG”, afirmou no post.

Atingidos dizem ter ficado de fora

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que representa as vítimas, disse que "discorda da forma com que as negociações do acordo global vêm sendo realizadas, sem a participação dos atingidos, principais vítimas e interessados em fazer um acordo justo, com a mineradora Vale impune de mais um crime".

Na análise do MAB, outro ponto de denúncia são "as obras que o governo de Minas Gerais vislumbra com o dinheiro, como um preparo para campanha eleitoral de 2022".

Relembre a negociação


O acordo para reparação entre o Executivo estadual e a empresa vem sendo discutido há meses em várias audiências na Justiça.

O governo pede R$ 26,7 bilhões, além de R$ 28 bilhões por danos morais. Os valores de indenização foram levantados por estudo da Fundação João Pinheiro e levaram em consideração, "a relevância dos direitos transindividuais lesados, a gravidade e repercussão das lesões, a situação econômica do ofensor, o proveito obtido com a conduta, o grau de culpabilidade, a reincidência e a reprovabilidade social dos fatos".

Porém, a mineradora não concordou com os valores. No dia 21 de janeiro, o secretário-geral de Minas Gerais, Mateus Simões, disse que se a Vale não apresentasse proposta para danos provocados pelo rompimento da barragem assumiria "sua posição de inimiga dos mineiros". O prazo terminaria na sexta-feira (29), mas a mineradora havia ganhado 15 dias de fôlego, segundo a Defensoria Pública.

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