O Santander
divulgou nesta quarta-feira (3) os resultados do balanço do quarto trimestre de 2020, quando o banco registrou lucro líquido
de R$ 3,859 bilhões, uma alta de 1.2% comparado aos três meses anteriores. Ainda assim, não foi possível superar os rendimentos de 2019, o acumulado de 2020 foi de R$ 13,469 bilhões, queda de 5%
na comparação com 2019 (R$ 14,181 bilhões). Já o lucro gerencial, que exclui fatores extraordinários, alcançou R$ 15,609 bilhões, alta de 7,3%.
A margem financeira bruta atingiu R$ 51,103 bilhões em 2020, crescimento de 6,6% em 12 meses, em função da boa performance da margem de produtos, por maiores volumes, e de mercado. Já em comparação com o terceiro trimestre, a margem financeira bruta caiu 0,3%, impactado pelo menor resultado de operações com mercado, sendo parcialmente compensado pela maior receita de margem com clientes. Já a margem financeira líquida ficou em R$ 38,54 bilhões, alta de 7,6% em relação a 2019.
Crédito e inadimplência
A carteira de crédito cresceu 16,9% e alcançou R$ 411,65 bilhões ao final de 2020. Todos os segmentos registraram variação positiva no ano, sendo que os segmentos PMEs e grandes empresas tiveram as variações mais expressivas, 38,2% e 23,7%, respectivamente, relativas principalmente aos créditos de programas governamentais.
Em relação a setembro de 2020, a carteira de crédito registrou um crescimento de 3,6%. A carteira de pessoa física foi a maior contribuição no período, expansão de 5,6%, principalmente pela retomada do consumo.
O índice de inadimplência superior a 90 dias caiu 0,8 ponto percentual no ano e atingiu 2,1% em dezembro de 2020, menor patamar já registrado, segundo o Santander, devido à "melhoria do índice dos segmentos PF e PJ que ainda são influenciados, em parte, pelo efeito das prorrogações de pagamentos oferecidas aos clientes e pela qualidade de crescimento da carteira".
Já o saldo das provisões para crédito de liquidação duvidosa somou R$ 25,067 bilhões em dezembro de 2020, alta de 17,1% em 12 meses, influenciado pela parcela de provisão adicional de R$ 3,2 bilhões no 2º trimestre de 2020. Já a parcela de provisão requerida subiu 1,2% no ano, abaixo do crescimento da carteira de crédito. Em relação ao 3º trimestre, o saldo das provisões subiu 0,3%.
Receitas de tarifas e enxugamento de estrutura
As receitas
de prestação de serviços e tarifas bancárias totalizaram R$ 18,46 bilhões no acumulado do ano, queda de 1,2% ante 2019, explicada, principalmente, pela menor receita de cartões e serviços. Já no 4º trimestre, as receitas somaram R$ 5,13 bilhões, aumento de 8,2% em relação ao 3º trimestre, devido ao melhor desempenho de quase todas as linhas de receitas.
Em relação a agências e funcionários, o banco enxugou a estrutura. Houve fechamento de 175 agências em 2020 - o número passou de 2.328 em dezembro de 2019 para 2.153 no mesmo período de 2020. Foram desligados 3.220 funcionários, passando o número de 47.819 para 44.599 em dezembro de 2020.
Prejuízo no resultado global
Em todo o mundo, o Santander
anunciou prejuízo líquido de 8,771 bilhões de euros (US$ 10,5 bilhões) em 2020, devido a provisões e depreciações de ativos provocadas pela pandemia.
No quarto trimestre, o banco
teve um lucro líquido de 277 milhões de euros, abaixo dos EUR 526 milhões projetados pelos analistas. No segundo trimestre, durante a primeira onda de coronavírus na Europa, o Santander registrou o maior prejuízo líquido de sua história, 11,13 bilhões de euros.
As desastrosas perspectivas econômicas obrigaram o grupo a revisar e reduzir o valor de várias de suas filiais, especialmente a do Reino Unido, criada nos anos 2000, depois de comprar vários pequenos bancos a um preço elevado.
As perspectivas de lucros que estas aquisições deveriam proporcionar afundaram devido à pandemia e tiveram um impacto negativo nas contas, que superaram 10 bilhões de dólares.
Além disso, o Banco Santander teve de provisionar em 2020 mais de 12 bilhões de euros para cobrir os riscos da falta de pagamento de empréstimos, uma quantia 47% superior que a do ano anterior. O valor, registrado como passivo nos balanços permitirá que o banco enfrente o perigo de que seus clientes, tanto particulares como empresas, não tenham capacidade de pagar os empréstimos contraídos como consequência da crise econômica.
O banco destacou que observou "sinais de recuperação no segundo semestre do ano", quando as restrições para lutar contra o vírus foram menos rígidas que na primavera do Hemisfério Norte. A instituição afirmou que de junho a dezembro registrou uma "recuperação de crédito novo até níveis pré-Covid".
A margem financeira líquida, equivalente ao volume de negócios, recuou 9,3% na comparação com 2019 e ficou em 31,994 bilhões de euros. "A vacina é a política econômica mais importante para 2021. Não podemos baixar a guarda, mas a minha visão a médio prazo é de um otimismo realista. O sucesso da vacinação atuará como um forte catalisador para a recuperação econômica", disse a presidente do Santander, Ana Patricia Botín, citada no comunicado.