O setor de produção de veículos teve alta de 7,4% entre os meses de setembro e outubro. No mês, foram montadas 236,5 mil unidades – incluindo carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões –, segundo dados da Anfavea (associação das fabricantes instaladas no Brasil). Apesar do número positivo, em relação ao mesmo período de 2019, o dado mostra queda de 18%. A produção acumula queda de 38,5% em 2020 na comparação com a 2019. Isso impacta os empregos, já que houve cortes de 6,3 mil funcionários nos últimos 12 meses.
Desse total, 4,8 mil ocorreram a partir do início da pandemia. Desde outubro de 2019, houve redução de 5% nos quadros e também há diversas empresas com programas de demissão
voluntária abertos. As fabricantes têm feito jornadas extras, com produção em dois turnos e aos sábados, porque as linhas de trabalho estão com o número de funcionários reduzidos, medida sanitária para a contenção da pandemia de Covid-19.
A falta de matéria prima e aumento nos custos são outros problemas que impedem à retomada. A nova onda de Covid-19 na Europa gera instabilidade na indústria. Por outro lado, as vendas são positivas, com 215.044 unidades comercializadas no último mês, melhor período de 2020 até agora. Houve alta de 3,5% em setembro, mas queda de 15,1% em relação a outubro de 2019.
O desabastecimento tem interrompido as linhas de montagem, sendo o setor de caminhões um dos mais afetados.
A produção de maquinários segue em alta, não só por conta da demanda do agronegócio, mas também devido à retomada da construção civil e das obras, que gerou aumento de 7,2% na comercialização entre os meses de outubro de 2019 e de 2020. Contratações dessa área ajudam também a reduzir o impacto das demissões totais.
"Tivemos 1.402 demissões entre setembro e outubro, mas também tivemos 592 contratações, grande parte temporária, com prazo determinado", disse o presidente da Anfavea.
Se atendessem mais as locadoras, o resultado das montadoras poderia melhorar. O setor de aluguel de carros está em crescimento, porém a impossibilidade de acelerar as linhas de montagem trava o setor. Para as fábricas, é melhor financeiramente atender à pessoa física neste momento, em vez de direcionar a produção aos frotistas.
Os estoques seguem baixos: há 132,5 mil carros nos pátios das montadoras e das concessionárias, quantidade suficiente para atender a 18 dias de vendas. Em abril, momento crítico da pandemia, havia 237 mil veículos em estoque.
Já sobre a retração nas exportações, o principal fator é a crise na Argentina, principal parceiro da indústria automotiva brasileira. No mês de setembro, o vizinho estabeleceu uma cota de importação para veículos, definida em 96 mil unidades até o fim deste ano.
As fábricas argentinas têm recebido veículos de maior valor agregado. A Volkswagen inicia agora a produção do SUV Taos em Pacheco, o modelo chega ao Brasil no primeiro semestre de 2021. A Renault passou a produzir a picape média Alaskan na fábrica de Córdoba e a Peugeot optou por montar o novo 208 em El Palomar.