Segmento com mais dificuldades para se recuperar da crise do coronavírus , o setor de serviços deve puxar o crescimento econômico no quarto trimestre , segundo avaliação do governo.
Em nota divulgada nesta quinta-feira, o Ministério da Economia afirma que atividades como bares e restaurantes devem ser impactados por recursos ainda não sacados por beneficiários do auxílio emergencial e do saque extra do FGTS . O documento observa ainda que classes médias e altas pouparam nos últimos meses e tendem a gastar mais nos próximos meses.
"Nosso entendimento é de que o quarto trimestre terá importante recuperação do setor de serviços. Da mesma maneira que comércio e indústria lideraram a recuperação no terceiro trimestre, o setor de serviços irá liderar a recuperação no quarto trimestre", diz o documento, elaborado pela Secretaria de Política Econômica.
O setor de serviços responde por 70% da economia brasileira e ainda não retornou ao patamar pré-crise. Segundo os dados mais recentes do IBGE , as vendas do segmento mais importante da economia brasileira registraram alta de 2,9% em agosto, mas ainda estava 9,8% abaixo do nível pré-pandemia.
De acordo com a análise da pasta, a expectativa é que ingressem R$ 130 bilhões na economia até o fim do ano, o que amenizaria o efeito da redução de R$ 600 para R$ 300 no valor do auxílio emergencial .
"Em resumo, uma conta conservadora nos leva a concluir que em decorrência do AEI, da extensão do AEI e do saque emergencial do FGTS ainda podem ingressar mais de R$ 130 bilhões na economia até o final do ano. Motivo esse que nos parece suficiente para garantir um quarto trimestre em linha com a retomada da economia", projeta o órgão.
Emprego informal
A secretaria vê ainda um cenário positivo para 2021, baseado na previsão de retomada no mercado de trabalho, ações para ampliar o crédito e medidas de ajuste fiscal esperadas para o ano que vem, como revisão de benefícios tributários e cortes de gastos com servidores previstos na proposta de emenda à Constituição (PEC) emergencial, que enfrenta dificuldades no Congresso .
Em relação ao emprego, a previsão é de que a recuperação de postos de trabalho seja mais rápida porque, segundo o órgão, as maiores perdas foram de vagas informais , que tendem a serem repostas mais rapidamente.
"O setor informal apresenta muito mais flexibilidade do que o setor formal, então espera-se uma queda desse desemprego com a reabertura da economia. Natural que com o retorno das atividades econômicas ao longo do quarto trimestre esse desemprego seja reduzido", prevê a nota técnica.
A projeção oficial do governo é de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 3,2% no ano que vem. A projeção para este ano é de retração de 4,7%.