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Marcello Casal Jr/Agência Brasil
13º causa dúvidas em trabalhadores com o contrato suspenso

O pagamento do 13º salário aos trabalhadores brasileiros em 2020 injetará R$ 208 bilhões na economia - 5,4% a menos que no ano passado, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). E o pagamento do benefício será diferente para as 9,7 milhões de pessoas que, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados ( Caged ) tiveram redução de jornada e salário ou contrato de trabalho suspenso .



É o caso de Aline Belam Reis Camelo, de 31 anos. A analista de importação teve seu contrato suspenso por quatro meses, de abril a julho. E mais dois meses suspenso parcialmente, de agosto a setembro. 

Aline conta que tem sido difícil conciliar todos os custos mensais da casa (água, luz, aluguel e alimentação): "Sou a renda total. Tive que renegociar parcelas do aluguel, economizar ao máximo o que pude e também recebi ajuda com cesta básica de igrejas”.

Mulher de cabelo preto rindo
Arquivo pessoal/Aline Belam Reis Camelo
Aline conta que não sabe calcular o 13º


Além disso, Aline diz que não sabia que tem direito ao 13º salário. Ao ser informada, disse que também não sabe como calculá-lo.

Segundo Adriana Calvo , coordenadora de Direito Individual da Comissão de Direito do Trabalho da OAB SP, a Lei 14.020/2020 “tem gerado controvérsias jurídicas, uma vez que ela trata este afastamento como suspensão, contudo, não é uma cessação total do contrato de trabalho, pois há pagamento de benefício (BEM) e gera alguns direitos trabalhistas ”.

O programa que a coordenadora cita é o  Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e Renda ( BEm ), criado pelo governo federal para trabalhadores com carteira assinada que tiveram salários e jornada reduzidos ou contrato suspenso devido a pandemia de Covid-19 .

No entanto, de acordo com Adriana, a Lei 14.020/2020 não regulamento como o 13º deve ser pago a trabalhadores com o contrato suspenso. Adriana indica que o cálculo seja feito da seguinte forma:

“Em caso de suspensão do contrato, o cálculo será proporcional aos meses trabalhados. Por exemplo, se o empregado recebe uma remuneração mensal de R$ 2 mil, mas, teve o contrato trabalhista suspenso durante três meses ao longo do ano, a quantia do 13º salário será de R$ 1.500,00. A fração superior a 15 dias é considerada como mês trabalhado. A grande polêmica é se a suspensão do contrato na pandemia, da Lei 14.020/2020, é fato suspensão clássica e se geraria todos estes efeitos”.

Coação? Denuncie!

Além de dúvidas sobre o 13º salário, Adriana conta que a OAB tem conhecimento de empresas que têm suspendido o contrato de trabalho, para o empregados receberem o benefício do BEm - mas que têm trabalhado a jornada inteira.

Para esses e outros casos, a coordenadora indica que “em caso de coação para que o empregado trabalhe mesmo com o contrato suspenso, o trabalhador deve procurar seu advogado ou o Ministério Público do Trabalho, e demais órgãos públicos para efetuar a denúncia. O Ministério Público do Trabalho tem um site específico para denúncias: http://www.prt2.mpt.mp.br/servicos/denuncias ”.

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