O aumento exponencial de casos do novo coronavírus (Sars-Cov-2), especialmente nos Estados Unidos e na Europa, e a volta de atritos políticos no Brasil, fizeram o dólar comercial disparar no início da manhã desta quarta-feira (28). Por volta das 10h00, a moeda americana era negociada com alta de 1,18%, valendo R$ 5,753. Na máxima do dia, o dólar chegou a atingir R$ 5,79, maior valor desde 18 de maio (R$ 5,802). Por isso, o Banco Central fez um leilão de dólares à vista, conseguindo levar a cotação a atingir a mínima de R$ 5,717.
O BC vendeu US$ 1,042 bilhão em leilão de dólares
à vista.
Na parcial de outubro, a moeda norte-americana acumula alta de 1,20%. No ano, a valorização é bem maior, de 41,80%.
Além do dólar, nesta quarta o Ibovespa , principal indicador da Bolsa brasileira, a B3, cai com força. Por volta de 12h00, a queda era de 3,14%, aos 96.477 pontos.
Por que o dólar disparou?
Nas últimas 24 horas, os EUA registraram 73,2 mil pessoas infectadas com o novo coronavírus, de acordo com levantamento da universidade Johns Hopkins. Dois dias antes, foram 60 mil pessoas diagnosticadas com a doença. O país com o maior número de casos e mortes dá sinais de que, assim como a Europa, viverá novas restrições e terá mais casos.
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Por enquanto, o cenário europeu é mais agravante. A França, país onde os números de contaminação não param de subir, cogita a possibilidade de decretar novo lockdown (confinamento total). Informações preliminares apontam que o governo Macron estuda ampliar a duração do toque de recolher e implementar o confinamento aos fins de semana.
"A agressiva segunda onda de coronavírus na Europa e a piora do quadro nos EUA adicionam forte incerteza a um ambiente que já conta com forte volatilidade em função da proximidade com as eleições americanas", escreveram os analistas da Guide Investimentos.
Internamente, o cenário também não ajuda. Na véspera, o presidente da Câmara, Rodrigo maia (DEM-RJ), criticou a obstrução na votação de pautas importantes na Casa pela base do governo. Ele acrescentou que a votação do Orçamento de 2021 pode ficar só para depois de março, e ainda disse que o dólar poderia chegar a R$ 7 no ano que vem .
"Além de atrasar a aprovação do Orçamento de 2021, o impasse acaba impedindo que todos os projetos de interesse do governo, incluindo várias medidas provisórias com data de expiração, sejam analisadas", complementaram os analistas da Guide.
Nesta quarta, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decide o novo patamar da taxa básica de juros, a Selic. A projeção do mercado é que ela seja mantida nos atuais 2%, mas os investidores aguardam a ata da reunião para saber os próximos passos da autoridade monetária.
A incerteza global também penaliza o petróleo. A cotação do barril do tipo Brent (referência internacional) opera com queda de 3,88%, valendo US$ 39,60. Diante do aumento de casos de Covid-19, teme-se que a demanda por matéria-prima seja reduzida.