O aumento de gastos para combater a pandemia fará a dívida pública brasileira saltar de 89,5% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país) em 2019, para 101,4% neste ano, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) , divulgadas nesta quarta-feira (14).
O endividamento brasileiro seguirá trajetória de alta até 2025, quando chegará a 104,4% do PIB . Tanto neste ano como em 2025, a situação das contas públicas brasileiras é a mais frágil entre as principais economias emergentes, como China, Índia, México, Rússia e África do Sul.
Apenas África do Sul e Índia ultrapassarão o patamar de 80% do PIB nos próximos anos, mas ainda longe da marca de 100% do PIB, segundo projeções que constam no relatório Monitor Fiscal do Fundo.
Considerando a lista das 40 nações ermegentes e de renda média acompanhadas pelo FMI , o país terá o segundo maior nível de endividamento neste ano, perdendo apenas para Angola (120,3% do PIB).
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Em 2019, apenas Angola e Venezuela tinham níveis de endividamento acima do brasileiro. Como não há estimativas para a Venezuela neste e nos próximos anos, o Brasil acabou subindo de terceiro para o segundo lugar entre os mais endividados neste grupo.
E passará à primeira posição em 2022, quando o indicador atingirá 103,5% do PIB, ao passo que a de Angola recuará para 93,8% do PIB.
Entre as economias avançadas, Estados Unidos e Japão são os que estão em situação mais delicada. A dívida americana, que estava em 108,7% do PIB no ano passado, passará a 131,2% do PIB neste ano e para 136, 9% do PIB em 2025, segundo as projeções. Já o Japão seguirá acima dos 200% do PIB ao longo de todo o período.
Globalmente, a dívida pública vai avançar mais de dez pontos percetuais, de 83% do PIB para 98,7% em 2020, estabilizando-se em 100% do PIB em 2025.
"Estratégias fiscais foram necessárias em todos os lugares", disse o FMI no relatório. O Fundo classifica o ano de 2020 como "excepcional" e salienta que foram gastos cerca de US$ 12 trilhões em ajuda financeira no mundo todo para combater a pandemia , com objetivo de manter empresas de pé e preservar empregos.
A combinação entre mais gastos para combate à Covid-19 e a menor arrecadação com impostos, devido à retração da atividade econômica, também fará o déficit fiscal dos países mais que triplicar em 2020, na comparação com o ano anterior, segundo o FMI. O percentual global nas nações acompanhadas pelo Fundo vai passar de 3,9% para 12,7% do PIB.
Entre as principais economias emergentes, o Brasil, novamente, é o que está em pior posição, saindo de um déficit de 6% do PIB em 2019, para 16,8% em 2020. O FMI também chama atenção para a situação da África do Sul, que deve fechar o ano com déficit de 14%