Na última quarta-feira (23), a Volkswagen firmou um compromisso reparação histórica da época da ditadura no Brasil, de 1964 a 1985. A empresa dará uma indenização R$ 16,8 milhões para a Associação dos Trabalhadores da Volkswagen (Associação Henrich Plagge), destinada a ex-trabalhadores da Volkswagen do Brasil, ou seus sucessores legais, que manifestaram terem sofrido violações de direitos humanos durante a ditadura.
A empresa alemã admite que "houve cooperação entre os agentes de segurança da Volkswagen do Brasil e o antigo regime militar" contra seus funcionários na ditadura.
O valor funcionará como uma indenização, já que a empresa alemã admite que "houve cooperação entre os agentes de segurança da Volkswagen
do Brasil e o antigo regime militar" contra seus funcionários, configurando perseguições políticas. O acordo foi firmado entre o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Estado de São Paulo e a Procuradoria do Trabalho de São Bernardo do Campo.
As informações foram enviadas pela Volkswagen em nota ao iG nesta quinta-feira (24). Há quatro anos, a empresa encomendou um estudo científico ao historiador Christopher Kopper, da Universidade de Bielefeld.
A pesquisa mostrou que houve a atuação da Volkswagen contra seus funcionários durante o período do regime ditatorial no Brasil.
"À luz da avaliação científica das fontes disponíveis, o professor Kopper conclui em seu estudo científico independente que houve cooperação entre os agentes de segurança da Volkswagen do Brasil e o antigo regime militar, mas não foram encontradas evidências claras de que essa cooperação foi institucionalizada na empresa. Naquela época, os funcionários poderiam ter sido expostos a violações dos direitos humanos", disse a empresa em nota ao iG.
A Volkswagen
não respondeu, no entanto, a algumas questões – sobre o número de vítimas que serão indenizadas, sobre quais eram as funções de trabalho dos ex-funcionários perseguidos na ditadura e nem sobre se as vítimas já haviam pedido à Volkswagen algum tipo de indenização.
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Uma reportagem da Reuters, no entanto, afirma que mais de 60 funcionários serão atendidos pela medida indenizatória. A reportagem apurou também que muitos dos funcionários foram demitidos, detidos ou assediados pela polícia e não conseguiram encontrar novos trabalhos durante anos.
O historiador Christopher Kopper disse nesta semana à imprensa alemã que "Seria a primeira vez que uma empresa alemã aceitaria a responsabilidade por violações de direitos humanos contra seus próprios trabalhadores por eventos que aconteceram após o fim do nazismo ".
Entenda a reparação coletiva da Volkswagen
A indenização soma R$ 46,8 bilhões, divididos em diferentes iniciativas:
A maior parte, R$ 16,8 milhões, vai à Associação dos Trabalhadores da Volkswagen – Associação Henrich Plagge. Essa verba será destinada a ex-trabalhadores da Volkswagen do Brasil, ou seus sucessores legais, que manifestaram terem sofrido violações de direitos humanos durante a ditadura;
R$ 9 milhões
vão aos Fundos Federal e Estadual de Defesa e Reparação de Direitos Difusos (FDD);
R$ 10,5
milhões
irão para projetos de promoção da memória e da verdade em relação às violações de direitos humanos ocorridas no Brasil durante a ditadura militar;
A Universidade Federal de São Paulo receberá R$ 4,5 milhões
– R$ 2,5 milhões para o Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF), para apoiar a identificação das vítimas que estão enterradas em valas comuns e mais R$ 2 milhões serão direcionados ao desenvolvimento de novas pesquisas para apurar a cumplicidade de empresas em violações de direitos humanos durante o governo militar;
R$ 6 milhões vão para o Memorial da Luta pela Justiça, iniciativa promovida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) e pelo Centro de Preservação da Memória Política.