O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou, nesta quinta-feira (27), que "parece" que o acordo entre Mercosul e a União Europeia "começa a fazer água". Mourão não deu detalhes sobre quais seriam as dificuldade, mas disse que há um "ruído" na comunicação e defendeu uma negociação permanente com os países que fazem parte dos dois blocos.
O comentário foi feito durante uma transmissão ao vivo organizada pela Federação das Câmaras de Comércio Exterior . Mourão citou o acordo logo após comentar problemas relacionados à Argentina. Um dos problemas citados foi a a demora do governo argentino em liberar a entrada de importações brasileiras, como o GLOBO mostrou. O vice-presidente também citou a crise da dívida e o aumento de casos de coronavírus no país vizinho.
"Estamos com um problema nas licenças de exportação. Estamos com US$ 100 milhões de veículos parados aguardando a liberação da licença não automática. O prazo deveria ser de dez dias, de acordo com o padrão, e no entanto já estamos há dez dias sem ter as licenças renovadas. Esse problemas se apresentam nesse momento em que o grande esforço que foi feito no ano passado da articulação desse acordo Mercosul-União Europeia parece que começa a fazer água. Então, realmente, nós temos que ter uma equipe aqui em condições de estar negociando permanentemente, não só com nossos parceiros do Mercosul, bem como com a União Europeia", afirmou.
O acordo entre o Mercosul e a União Europeia foi assinado no ano passado, após 20 anos de negociações. Entretanto, para entrar em vigor, precisa ser aprovado no Parlamento Europeu e nos congressos nacionais dos países que integram a União Europeia. Vários representantes de países do bloco, como Irlanda , França e Holanda , já se pronunciaram contra a ratificação do acordo por preocupações com a preservação do meio ambiente e da Amazônia.
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Na transmissão desta quinta-feira, Mourão disse que o Brasil tem um "relacionamento muito bom" com a Alemanha e disse que a imprensa publica coisas que são "totalmente diferente do que está acontecendo na realidade". No entanto, o porta-voz da chanceler alemã, Angela Merkel , afirmou na semana passada que o país tem "sérias dúvidas" de que o acordo possa se aplicado, por causa do aumento no desmatamento da Amazônia.
"E inclusive tem ruído nessa comunicação. Há pouco tempo, a imprensa falou que a Angela Merkel teria dito que o acordo estaria sub judice, mas na realidade ela foi cobrada pela ativista ambiental, Greta Thunberg , e resolveu não fazer nenhum comentário a respeito. Mas o que já se publica na imprensa no Brasil é algo totalmente diferente do que está acontecendo na realidade. Em relação à Alemanha, que é o motor desse acordo, o motor da União Europeia, nós temos tido um relacionamento muito bom e estamos mantendo isso aí", disse.
Mourão sugeriu que os ministérios das Relações Exteriores e da Economia montem um grupo de trabalho para monitorar o cumprimento do acordo:
"Mas eu não tenho acompanhado, até pela questão do Conselho da Amazônia Legal, que me toma muito tempo, se o Itamaraty e o próprio Ministério da Economia juntaram os esforços no sentido de ter um grupo de trabalho que monitore todas essas ações e que a gente seja mais efetivo. Eu até respondo ao senhor, acho que não temos isso ainda e as coisas estão sendo conduzidas individualmente", disse.