Pesquisa do Ibope encomendada pelo Unicef revela agravamento da situação de vulnerabilidade de famílias com crianças e adolescentes
Agência Brasil/Fernando Frazão
Pesquisa do Ibope encomendada pelo Unicef revela agravamento da situação de vulnerabilidade de famílias com crianças e adolescentes


Pesquisa encomendada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) ao Ibope revelou que famílias com crianças e adolescentes foram mais impactadas pela pandemia do  novo coronavírus (Sars-CoV-2). Organização exige que sejam criadas políticas públicas específicas para esses domicílios, que levem em conta não apenas a renda familiar, mas também fatores como alimentação e educação.

O estudo foi realizado por meio de entrevistas telefônicas entre 3 e 18 de julho. Foram ouvidas 1.516 pessoas e os resultados apontaram que o desemprego durante a pandemia foi mais comum em domicílios com residentes de até 17 anos: 21% contra 14% daqueles em que não há pessoas nessa faixa etária.

Os números aumentam quando a pergunta foca em redução de renda . Nas casas com crianças e adolescentes, 63% relataram diminuição de recursos desde o carnaval, enquanto onde não há jovens o número cai para 50%.

Comum em ambos os domicílios são as principais causas dessa queda de recursos: redução de salário de um dos membros da família e das horas de trabalho . Nas familías com crianças e adolescentes os números são de 61% e 61%, respectivamente, enquanto nos que não tem é de 55% e 47%.

Nas famílias com menores de 17 anos, 29% perderam renda por impossibildiade de um mebro da casa trabalhar, seja por falta de transporte ou por estar doente. O número representa mais de um quarto das famílias entrevistadas para a pesquisa. Nos domicílios onde não há menores, o percentual é de 18%.

Nas famílias em que há apenas membros adultos apenas 9% perdeu mais de metade da renda , enquanto 14% perdeu metade. Nas com crianças e adolescentes os números sobrem para 10% e 25%, respectivamente.

Segundo a pesquisa do Ibope, as principais fontes de renda das famílias com crianças e adolescentes são benefícios sociais do governo federal, estadual e municipal.  Os beneficiários do auxílio emergencial fazem parte de 52% dos domicílios com menores.

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Chefe da área de políticas sociais, monitoramento e avaliação do Unicef no Brasil, Liliana Chopitea, diz que é necessário ajustar os programas sociais para as famílias com crianças e adolescentes . Para ela, é necessário que o governo federal dê mais detalhes sobre a nova proposta de benefícios, o Renda Brasil , cuja apresentação nesta terça, 25,  foi suspensa por impasses internos da equipe do presidente.

“Quando falamos de pobreza infantil temos que ver a multidimensionalidade da situação. Vamos ter muitos desafios daqui para frente em termos de segurança alimentar e educação em que é preciso olhar para além de programas de renda apenas”, diz Chopitea.

Fome em meio a pandemia

Resultados parecidos com os de emprego e renda apareceram no mapeamento feito sobre a alimentação das famílias. Os dados mostram que 27% dos domicílios com crianças e adolescentes passaram por momentos em que a comida acabou e não havia dinheiro para comprar mais , enquanto que nas casas com adultos o número é de 17%.

O Unicef ressalta ainda outra preocupação: o aumento do consumo de alimentos industrializados entre as famílias. Nas casas em que habitam menores de 17 anos o crescimento foi de 31%, quase o dobro da porcentagem (18%) dos domicílios com apenas adultos.

Fast food e bebidas açucaradas também se tornaram mais comuns nas casas com crianças, 20% e 19% respectivamente, enquanto nas casas com maiores os números caem para 14% e 15%.

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Para a chefe de saúde da Unicef no Brasil, Cristina Albuquerque, esse aumento impacta no excesso de peso. “A Covid-19 pode agravar a epidemia de obesidade entre crianças e adolescentes” , diz.

Educação

O Unicef se surpreendeu com um dos resultados da pesquisa que mostrou que 91% das crianças e jovens, entre 4 e 17 anos, já matriculados seguiram ativos nos estudos e atividades escolares. “A questão agora é entender a qualidade dessa frequência de atividade”, avalia área de políticas sociais, monitoramento e avaliação do Unicef no Brasil.

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