Em evento do setor de bares e restaurantes na noite desta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o trabalho infantil. Há dois anos, o Brasil não sabe quantas crianças e adolescentes estão trabalhando. A última informação divulgada pelo IBGE, responsável pelo levantamento do trabalho infantil, foi de 2016, divulgada no ano seguinte.
Ao comentar o impacto econômico da pandemia sobre os estabelecimentos comerciais, Bolsonaro contou ter trabalhado num bar durante a infância e classificou como “bons tempos” a época em que menores de idade podiam trabalhar.
Segundo o decreto 6.481, de 12 de junho de 2008, que lista as piores formas de trabalho infantil, a venda de bebidas alcoólicas no varejo é "prejudicial a moralidade" da criança.
Não é a primeira vez que Bolsonaro defende o trabalho infantil. Em julho do ano passado, em transmissão pela internet, afirmou não ter sido “prejudicado em nada” por ter colhido milho aos “nove, dez anos de idade” em uma fazenda em São Paulo.
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Em 2016, havia 2,3 milhões de crianças e adolescentes que trabalhavam. A divulgação dos dados de 2017 e 2018 estava programada para junho do ano passado, mas foi adiada várias vezes. Agora, os dados de 2017, 2018 e 2019 devem ser divulgados em dezembro.
Houve polêmica quando os números do trabalho infantil de 2016 foram divulgados. O IBGE mostrou que havia 1,8 milhão de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos trabalhando, número 66% menor que os 2,7 milhões de 2015.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) foi modificada, estabelecendo outros parâmetros para o que é considerado trabalho e provocou reação das entidades que atuam no combate ao trabalho infantil.
O IBGE excluíra da conta as crianças e adolescentes que trabalhavam para o próprio consumo. Com a inclusão, o número subiu para 2,3 milhões.